Erenice Guerra prestou depoimento à Polícia Federal nesta segunda (25). Foi inquirida durante cerca de quatro horas.
Em dado momento, a ex-braço direito de Dilma Rousseff deu uma resposta que injetou contradição no inquérito do Erenicegate.
A ex-ministra admitiu à polícia que se encontrou, na Casa Civil, com o consultor Rubnei Quícoli.
Até aqui, Erenice e o governo negavam que esse encontro houvesse ocorrido.
Admitia-se que Rubnei estivera no Planalto. Mas dizia-se que ele se reunira apenas com um assessor, não com Erenice.
Rubnei é aquele consultor que negociou com o grupo de Israel Guerra, o filho de Erenice, a obtenção de empréstimo no BNDES.
Um financiamento de R$ 9 bilhões à empresa EDRB. Coisa destinada a um projeto de energia solar no Nordeste.
Na versão de Rubnei, corroborada pelos sócios da EDRB, a empresa não quis pagar propina ao grupo que traficava influência sob Erenice. E o negócio desandou.
As tratativas foram iniciadas em novembro de 2009, quando Erenice ainda era a segunda de Dilma Rousseff.
Ela só herdou a cadeira de ministra em fins de abril de 2010, quando Dilma virou candidata à sucessão de Lula.
Rubnei revelou suas incursões pelo submundo da Casa Civil numa reportagem veiculada pela Folha.
A notícia compôs o pano de fundo que tornou insustentável a permanência de Erenice no governo.
Advogado da ex-ministra, Mário de Oliveira Filho, disse que sua cliente reconheceu à PF que "houve um encontro oficial, marcado pela assessoria dela”.
Acrescentou: “Foi uma reunião de uma hora e quinze minutos, na qual ela participou por 30 minutos. Foi uma conversa rigorosamente técnica".
No esforço que empreendeu para desmerecer o noticiário, o governo e o PT sempre se referiram a Rubnei como um “bandido”, com passagem pela polícia.
Pois bem. Descobre-se agora que Erenice admite ter se reunido com o desqualificado, no Planalto, em ambiente que fica a um lance de escada do gabinete de Lula.
Ao levar o caso às manchetes, Rubnei contara que a EDRB fora orientada a firmar contrato com a Capital, empresa de lobby do filho de Erenice.
Pagaria R$ 40 mil mesais, mais 5% sobre o valor do empréstimo do BNDES. Cobrada em fevereiro de 2010, a empresa diz que se recusou a pagar.
Segundo o advogado de Erenice, “ela nunca autorizou ninguém, nem o filho [Israel], a falar em nome dela para gerenciar qualquer negócio”.
No dizer de seu defensor, Erenice apenas deu ao caso “os encaminhamentos devidos”, direcionando a EDRB à estatal que cuida de energia solar.
Erenice já havia admitido um encontro com outro consultor que se serviu dos bons préstimos do filho para azeitar negócios na Anac e nos Correios.
Chama-se Fábio Baracat. Neste caso, a ex-ministra diz que recebeu o personagem em casa, na condição de “amigo” do filho.
Erenice também falou à PF sobre a ruma de parentes empregados em diferentes órgãos do governo e sobre os amigos do filho abrigados na Casa Civil.
A ex-ministra disse que jamais agiu para beneficiar parentes no governo. Quanto aos amigos do filho, ganharam emprego que por questões técnicas.
Tomada pelo que diz, Erenice não tem nada a ver com nada. Se houve nepotismo, favorecimento e outros malfeitos, foi tudo à sua revelia.
Ao sair da PF, Erenice fugiu da imprensa. Para evitar as lentes dos fotógrafos, refugiou-se na garagem de um edifício.
Esforço vão, como se pode constatar pelas imagens lá do alto, clicadas pelo repórter Alan Marques.
Jsouza
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