Quando o governo do presidente Luiz Inácio da Silva divulgou a polêmica terceira edição do Programa Nacional de Direito Humanos (PNDH-3), estava explícito no documento o desejo palaciano de legalização do aborto. Meses antes, durante entrevista concedida a veículos da imprensa nacional, a candidata Dilma Rousseff disse que nenhuma mulher é favorável ao tema, mas que a legalização do aborto é uma necessidade de governo.
O assunto transformou-se na maior polêmica da atual corrida presidencial, o que obrigou Dilma a optar pela contradição. Enfrentando a resistência do eleitorado católico e evangélico, a candidata petista passou a ter uma postura dúbia. Longe de expor sua religiosidade e sem afirmar que é contra a legalização do aborto, Dilma passou a dizer, de uma hora para outra, que é de família católica e a favor da vida. E de quebra incorporou à sua fala a expressão “graças a Deus”, o que tem soado como falso.
Preocupados com a repercussão negativa que o caso teve no primeiro turno das eleições, o PT e o staff da campanha de Dilma Rousseff armaram uma operação, a partir de uma falsa denúncia, de que panfletos contra Dilma estavam sendo impressos em uma gráfica da capital paulista. O material, encomendado pela diocese de Guarulhos, na Grande São Paulo, tinha procedência e era de conhecimento da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB.
A partir de então, Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo de Guarulhos, passou a ser alvo de ameaças de morte feitas por simpatizantes do PT. Responsável direto pelo serviço executado pela gráfica paulistana e apreendido pela Polícia Federal, o religioso defende o voto em candidatos contrários à legalização do aborto.
O imbróglio capitaneado pelo PT e pela campanha de Dilma Rousseff chegou à Santa Sé e foi noticiado pela Rádio Vaticana, que informou aos ouvintes que “infelizmente não se trata de um caso isolado” De acordo com a agência vaticana Fides, “receberam ameaças explícitas também o bispo de Lorena, Dom Benedito Beni dos Santos, e o bispo de Santo André e presidente da Regional Sul 1, Dom Nelson Westrupp”.
Em recente entrevista coletiva concedida na sede da CNBB, em Brasília, o presidente da entidade, Dom Geraldo Lyrio Rocha, que considera positiva a atual discussão sobre o aborto, disse que a ação do bispo de Guarulhos está “dentro da normalidade”.
Obcecados por fazer de Dilma Rousseff a sucessora de Luiz Inácio da Silva, os petistas erram ao tentar impor o seu desejo à força, o que mostra que o Brasil caminha a passos extremamente largos na direção de uma ditadura civil, como bem destacou Hélio Bicudo, ex-fundador do PT.
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