O Empório do Gentil estava vazio, apenas uma senhora carregando uma sacola na dobra do cotovelo vasculhava por tudo. Tinha cara de portuguesa e pela escolha de bacalhau, deveria ser mesmo lusa.
Na saleta dos fundos, Leopoldo, Jayme e outros élderes bebericavam e fofocavam. Jayme iniciou a conversa:
- Meu filho, que é médico, disse que a doença de Dilma é a mesma do Funaro e do Charles Pompidou. Ele não pode afirmar com certeza, pois há variações, mas de maneira geral, os linfomas são intimamente ligados ao sistema nervoso.
- Rapaz, é mesmo – disse Leo, segurando o queixo com uma das mãos – eu me lembro que diziam que o Funaro estava curado, mas quando o plano cruzado ruiu e ele perdeu a empresa de brinquedos, a doença voltou e ele morreu rapidinho.
- Qual era empresa dele?
- Acho que era a Atma, aquela que tinha a fada Tama, um anagrama.
- Isso mesmo. Era a única rival da Estrela, à época.
- E o Pompidou, que me lembro também estava considerado sarado até que voltou tudo e ele morreu com o pescoço inchado como o de um boi.
A velhinha portuguesa se despediu e Gentil encostou a porta. E correu para se juntar aos amigos.
- Eu ouvi de lá – disse ele – é um risco muito grande. Se isso é verdade, a doença dela volta.
- Já voltou! – disse Leo. – Você não leu que ela está fazendo testes e terapias lá no Sírio?
- Mas será que não é intriga tucana?
Jayme virou um restinho de Campari e arrematou:
- O médico do Sírio disse que “não há nada a Temer.”
- E se ela bater a caçuleta, Lula será responsabilizado?
- Como assim? – perguntou Gentil.
- Ora, é ele quem a está colocando nesta fria. A primeira manifestação da doença aconteceu quando ela aceitou o desafio da campanha. E ela sabe que não é preparada para isto. Ela se conhece, sabe que não é simpática. Mas foi convencida por Lula e obedeceu. Por outro lado, ela também não é muito chegada a ser “pau mandado”. Acho que o dilema, ou melhor, trilema, a afetou. A vaidade em ser presidente; com o medo de atravessar o caminho da campanha; com saber que sua personalidade está sendo anulada para poder vencer.
Jayme, bacharel em Direito, concluiu:
- Se ela abotoar, Lula deverá ser acusado de homicídio culposo, aquele sem intenção de matar.
Leo, adicionando veneno:
- E os médicos? Não avisaram nada?
- Acho que avisaram, mas foram tratados como Doutores Robertos Jeffersons.
Na saleta dos fundos, Leopoldo, Jayme e outros élderes bebericavam e fofocavam. Jayme iniciou a conversa:
- Meu filho, que é médico, disse que a doença de Dilma é a mesma do Funaro e do Charles Pompidou. Ele não pode afirmar com certeza, pois há variações, mas de maneira geral, os linfomas são intimamente ligados ao sistema nervoso.
- Rapaz, é mesmo – disse Leo, segurando o queixo com uma das mãos – eu me lembro que diziam que o Funaro estava curado, mas quando o plano cruzado ruiu e ele perdeu a empresa de brinquedos, a doença voltou e ele morreu rapidinho.
- Qual era empresa dele?
- Acho que era a Atma, aquela que tinha a fada Tama, um anagrama.
- Isso mesmo. Era a única rival da Estrela, à época.
- E o Pompidou, que me lembro também estava considerado sarado até que voltou tudo e ele morreu com o pescoço inchado como o de um boi.
A velhinha portuguesa se despediu e Gentil encostou a porta. E correu para se juntar aos amigos.
- Eu ouvi de lá – disse ele – é um risco muito grande. Se isso é verdade, a doença dela volta.
- Já voltou! – disse Leo. – Você não leu que ela está fazendo testes e terapias lá no Sírio?
- Mas será que não é intriga tucana?
Jayme virou um restinho de Campari e arrematou:
- O médico do Sírio disse que “não há nada a Temer.”
- E se ela bater a caçuleta, Lula será responsabilizado?
- Como assim? – perguntou Gentil.
- Ora, é ele quem a está colocando nesta fria. A primeira manifestação da doença aconteceu quando ela aceitou o desafio da campanha. E ela sabe que não é preparada para isto. Ela se conhece, sabe que não é simpática. Mas foi convencida por Lula e obedeceu. Por outro lado, ela também não é muito chegada a ser “pau mandado”. Acho que o dilema, ou melhor, trilema, a afetou. A vaidade em ser presidente; com o medo de atravessar o caminho da campanha; com saber que sua personalidade está sendo anulada para poder vencer.
Jayme, bacharel em Direito, concluiu:
- Se ela abotoar, Lula deverá ser acusado de homicídio culposo, aquele sem intenção de matar.
Leo, adicionando veneno:
- E os médicos? Não avisaram nada?
- Acho que avisaram, mas foram tratados como Doutores Robertos Jeffersons.
O autor deste texto, é o médico e grande cronista João Bosco da Rocha Strozzi. Ele publicou uns outros três ou quatro textos como esse aí de cima, do Leopoldo o implicante, um de seus hilários personagens, sobre a doença da Dilma.
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