Taiadablog: Adiamento do STF mantém 228 "sujos" em suspenso !!!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Adiamento do STF mantém 228 "sujos" em suspenso !!!


Terminou à 1h17 da madrugada desta sexta (24) a sessão em que o STF deveria ter decidido se a lei da Ficha Limpa vale para 2010. Depois de dois dias de debates, cerca de 11 horas de “juridiquês”, anotou-se um empate. Cinco a cinco. E o supremo decidiu não decidir.

Com isso, manteve em suspenso pelo menos 228 candidatos que a Justiça Eleitoral já enquadrou como “fichas sujas”. Votaram pela vigência imediata da nova lei: Carlos Ayres Britto, Ellen Gracie, Ricardo Lewandowski, Joaquim Barbosa e Cármen Lucia.

Decidiram que a exigência de prontuários higienizados só vale para o futuro: Cezar Peluso, Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Normalmente, um 11º ministro proveria o desempate. Mas Eros Grau aposentou-se em julho. E Lula ainda não se dignou a indicar um substituto.

Seguiu-se um espetáculo patético. Coisa poucas vezes vista na suprema corte do país. Tudo transmitido pelas lentes da TV Justiça. Em meio ao lufa-lufa retórico, uma voz se sobrepondo à outra, um pedaço do plenário –à frente Lewandowski— postou-se ao lado da decisão do TSE.

Uma decisão que negara ao “sujo” Joaquim Roriz (PSC) o registro da candidatura ao governo do Distrito Federal. Argumentou-se que, como a lei da Ficha Limpa não fora considerada inconstitucional, o recurso de Roriz deveria ser negado.

Outro grupo –Gilmar à testa— desqualificou a tese. Argumentou que o TSE, por inferior, não pode prevalecer sobre o STF. A certa altura, Ayres Britto lembrou que Roriz fora levado à fogueira por dois tribunais –além do TSE, o TRE-DF. Gilmar retrucou. O critério não é “futebolístico”, disse.

Marco Aurélio declarou ter receado que um de seus colegas sugerisse a transferência do desempate a Lula, o “responsável pela cadeira vaga”. O que fazer? Peluso foi lembrado de que o regimento interno do STF atribui ao presidente o “voto de qualidade”. Poderia, portanto, desempatar.

Antes, ao proferir o seu voto, Peluso destilara coragem: “Não me comovem pressões provindas da opinião pública ou de segmentos do povo ou de instituições. [...] Um tribunal que atenda a pretensões legítimas da população ao arrepio da Constituição é um tribunal em que nem o povo pode confiar”.

Ayres Britto quis saber se o colega exerceria, afinal, o voto de desempate. Nessa hora, Peluso se deu conta de que a coragem é uma dessas qualidades que costumam fugir justamente nas horas de maior apavoramento:

“Não tenho nenhuma vocação para déspota. E não acho que meu voto vale mais do que o dos senhores”, disse o presidente do Supremo, para alívio de Ayres Britto e Cia. Decidiu-se promover uma segunda votação.

Dias Toffoli ensaiou uma meia-volta. Por um instante, imaginou-se que aderiria aos que defendiam que fosse prestigiado o acórdão do TSE. Aparteado um par de vezes, recuou do quase recuo. Refeito o impasse, Ellen Gracie levou à mesa a tese do adiamento.

Argumentou que o contato dos ministros com o travesseiro poderia iluminá-los. Com a segunda votação pelo meio, farejando um novo empate, Peluso retomou a palavra. Disse que, qualquer que fosse a decisão, ela seria percebida pela sociedade como “artificial”. Em nome da prudência, recomendou esperar pelo indicado de Lula.

Os candidatos sujos iriam às urnas. Se porventura o novo ministro não chegasse até o dia da “diplomação” dos eleitos, o STF se reuniria para desenrolar o novelo. Marco Aurélio levou o pé atrás. Lewandowski recordou que a eleição já se avizinha. E a falta de decisão prejudica inclusive os candidatos.

Discute daqui, argumenta dali, Peluso adaptou a proposta. Sugeriu o adiamento, dessa vez sem condicioná-lo à nomeação do substituto de Eros Grau. A sessão terminou. E a platéia não foi informada acerca do dia em que o Supremo voltará a se reunir para cumprir com a sua obrigação.

O STF levou à sua página na web um texto que dá ideia da dificuldade de traduzir o ocorrido. Onze horas de debate resultaram em três parágrafos. “STF suspende julgamento.”, informou-se no título.

Alta madrugada, 2h01, o TSE levaria à internet uma nota que adensou a atmosfera de perplexidade: “Suspensão do julgamento do caso Roriz pelo STF mantém o registro de candidatura indeferido”.

O eleitorado brasileiro fora dormir com a certeza de que residia num país em que o STF era o lugar onde se obtinha a suprema justiça. Ao acordar, é confrontado com a novidade: quem quiser justiça, talvez tenha de fazê-la com os próprios dedos, na urna!

É uma quizumba só!

Um comentário:

Manelzinho disse...

Triste país este Brasil ! Supremo que não é supremo, juiz que não decide, decisão que nada vale, conclusão que não se conclui, cidadão abandonados, déspotas elevados e tudo mais. Uma tristeza !