Perder significa que algo não funcionou como deveria. Toda a preparação prévia não foi suficiente para que a vitória fosse conquistada. Para todos, sem exceção, é momento de frustração, para alguns de humilhação, para tantos outros, de revisão dos caminhos escolhidos. A derrota é proveniente do erro e o momento em que se perde é valioso para entender o que aconteceu, buscar respostas melhores e em outras oportunidades conseguir atingir os objetivos almejados.
Não é tragédia grega como tantos pensam. Igualmente não é o momento da caça as bruxas, aos culpados, como se uma inquisição tivesse que ser instaurada a cada novo fracasso. Se erramos e perdemos, a responsabilidade dentro de uma equipe, seja no trabalho, no esporte ou em qualquer circunstância da vida humana, cabe a todos e a cada um em particular buscar sua parcela de contribuição para que a meta não tenha sido atingida.
É claro que o capitão da equipe é a pessoa que será mais cobrada e terá as maiores dores de cabeça, mas ao assumir o posto, ele (ou ela) já sabia disso. E se realmente for o líder que se espera, irá cobrar de seus comandados em particular e assumir as responsabilidades maiores em público. E as cobranças que fará não serão (ou ao menos não deverão ser), no sentido de atribuir culpas, descobrir os "Judas" de plantão, encobrir seus próprios erros ou cometer qualquer tipo de injustiça.
Caberá a este líder juntar os cacos e reorganizar a peleja, o grupo. Dar a todos o sentido real daquela decepção, mostrando como pode ajudar a equipe numa nova competição, trabalho ou projeto que tiver pela frente. Se a falha foi na defesa, é hora de repensar as estratégias neste setor. Se o meio de campo não funcionou, o que pode ser feito para que seja mais efetivo? Se o ataque não fez os gols que se esperava, vamos treinar os fundamentos...
A propósito, qualquer equipe que se preze precisa começar trabalhando duro justamente nos quesitos mais elementares, ou seja, nos fundamentos. Li certa vez que Michael Jordan, o maior jogador de basquete de todos os tempos teve numa de suas temporadas iniciais na carreira, um técnico que conseguiu fazer com que sua média de pontos por jogo ficasse abaixo de 30 pontos durante todo o campeonato daquele ano. E não era treinador adversário, era o próprio técnico da equipe de Jordan. Como explicar isso? Naquele ano ele trabalhou os fundamentos de defesa, até então os pontos mais fracos do maior craque do basquete mundial...
Resultado? Jordan marcou menos pontos naquele ano, mas se aperfeiçoou na defesa, voltou a fazer cesta atrás de cesta nos anos seguintes, ganhou tudo o que se esperava na carreira e foi considerado como um jogador completo desde então, inclusive na defesa...
Perder também é importante para que as pessoas não se superestimem. Ter a auto-estima e a confiança elevadas é importante, o que não pode acontecer é o ego ficar inflado demais pois a qualquer momento pode esvaziar e mostrar quem realmente é você e sua equipe...
Pés no chão, humildade e canja de galinha não fazem mal a ninguém. Você pode ser ótimo no que faz e isso ser reconhecido por muita gente, mas acredite que é preciso se empenhar sempre em busca do topo, das conquistas, do Olimpo... Se a vaidade bater forte e você começar a achar que não tem para ninguém e que a taça já tem destino certo ao final do campeonato, vai bater na trave ou até mesmo sair um chute torto e bisonho daqueles que dá até vergonha...
Não lamente as derrotas. Não se sinta humilhado se perder. Aproveite a oportunidade para que amanhã seja um dia melhor e as vitórias voltem a acontecer. Depende apenas de cada um de nós e do sentido de equipe e pertencimento que devemos ter em relação a mesma para que isso ocorra. Bola para a frente que novos campeonatos estão sempre começando...
Prof. Dr. João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letras
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