A história do garimpeiro Toninho do Ouro, pai de César Menotti e Fabiano!
Hoje vou contar uma parte da infância de dois irmãos, que hoje são uma das maiores revelação de dupla sertaneja do Brasil. Eles estouraram no ano passado, e até hoje não fazem sucesso, e ainda farão por muitos anos, diferentes de algumas duplas que aparecem e logo vão embora! Acredito que por muitos anos ainda, vamos ouvir falar deles!
Isto por que, conheço muito bem a base de sua criação. Sua mãe, muito religiosa, passou-lhes valores não só religiosos como morais, imprescindíveis à sua formação, e isto, com certeza, muito os ajudou nesta nova etapa da vida, onde o sucesso é rápido e traiçoeiro!
Temos testemunho que muitos artistas que alcançam o estrelato e, como consequencia vem à fartura de dinheiro, mulheres, drogas e bebidas, que acabam prejudicando-os, integralmente, levando-os ao ostracismo! Poderia dar mil exemplos desta ocorrência, porém, tenho certeza que nada disto acontecerá com estes dois irmãos que estou citando, graça aos bons ensinamentos recebidos de seus pais!
Não sei por quê, tem certos pais que, em função de não terem conseguido para si os objetivos planejados, projetam um futuro para seus filhos e lutam até conseguir, independentemente da vontade deles!
E para isto, acreditam cegamente que os filhos têm aquela aptidão ora programada e que os outros não enxergam, e lutam, com tamanho ardor, que acabam conseguindo atingir seus objetivos. Talvez Freud explique isto melhor que eu.
Assim foi que aconteceu também com os pais de outra dupla famosa, cuja vida e história, foi contada recentemente em filme, mostrando a árdua luta de seus pais para lançá-los no meio artístico!
Sou testemunha da luta de Toninho por seus filhos, ensinando-os a cantar, declamar poesias em público, tirando assim desde cedo a vergonha e a timidez tão natural nas crianças, preparando-os desde a tenra idade para o convívio com o palco, com público e para com os aplausos da platéia. Seu pai não perdia a oportunidade de colocar os dois a declamar poesias e a cantar quando íamos aos leilões de gado, ou nas festinhas que meu pai dava em casa!
Conheci Toninho do Ouro em Roraima, quando estávamos metidos na maior “fofoca” (rápida concentração de gente!) de ouro da história brasileira! Imaginem só uma cidade como Boa Vista, com cem mil habitantes, de uma hora para outra receber mais cinqüenta mil garimpeiros vindos de toda parte do Brasil?
O fato provocou toda espécie de desequilíbrio social entre os habitantes, como falta de moradia e alimentação, aumento da violência e das doenças, por falta de saneamento, gerando caos absoluto! Em minha cidade, Ourilândia do Norte, também ocorreu, na mesma ocasião, uma “fofoca”, só que não era de ouro e sim de níquel, e não enfrentamos os mesmos problemas de Boa Vista, onde não existia nenhum maestro para orquestrar a bagunça, mas todos comeram do bolo da festa!
Aqui em Ourilândia, somente a Vale é que vai se regalar sozinha com todo este minério! Não duvido não, se servirão a sobremesa de graça, umas boas toneladas de ouro como oferta da casa, tomaram que não tenham um dor de barriga!
Neste quesito, planejamento, a Vale que me desculpe, mas é simplesmente um fracasso! Seria bom a diretoria assistir mais a nossa festa carnavalesca e convidar seus membros para uma palestra! Imaginem só que, prestes a terminar a obra, ainda não estavam prontas as casas onde iriam morar os empregados. É como diz meu amigo britânico,Vale? AH!! O que, traduzindo para o bom português,quer dizer “É uma merda.”
Vocês conhecem bem o mapa do Estado de Roraima? Se olharem bem, irão observar na divisa com a Venezuela no lado oeste, a região que é conhecida como “a Cabeça do Cachorro”, pois é justamente ali, que fomos nos encontrar, dentro do rio Urariquera, no meio daquela floresta que tinha hora que a gente não sabia se estava no Brasil ou na Venezuela.
Ali só existia uma única mina dágua potável, localizada justamente no barranco do rio. Esta mina era utilizada, porque o rio já estava todo poluído, pelos dejetos da população de mais de mil balsas, sugando o leito do rio dia e noite para a extração de ouro!
Isto tornava a água tão poluída que era impossível a utilização, ainda mais temperada pelo azougue (mercúrio) que era usado para purificar o ouro, que também ia parar no rio!
A primeira vez que encostei meu bote no barranco da mina, em meio de mais de vinte barcos, tive que aguardar alguns minutos para recolher a água que necessitava e nisto, aproximei-me de um barraco próximo, para ver se descolava um cafezinho, quando ele apareceu em minha frente e ficou me observando!
Não sei se olhava mais para mim ou para a minha cozinheira, uma maranhense, por sinal muito bonita para os padrões do garimpo. Isto dava status diferenciado em nosso meio, porém notei que sua curiosidade estava além do traseiro de minha amiga, tinha alguma coisa a mais em sua curiosidade, e não demorou para que viesse conversar comigo:
“ - Moço, poderia me dizer da onde veio?
- Vim de Goiânia e você? Respondi!
- Vim de Minas (se não me engano, falou que veio de Cidade Nova).
- Já pegou algum ourinho?”
Estranhei a maneira como ele perguntou, e também seu olhar, pareciam sinalizar que eu seria incapaz de achar ouro, só que naquele rio, aonde você apoitasse, fazia ouro, pelo menos cem gramas por dia era sagrado, nunca tinha visto um lugar como aquele!
E a prosa foi aumentando, aumentando, e quando vi, ele já sabia tudo de mim, até meu time do coração, tamanha sua curiosidade em relação a minha pessoa!
Quando chegou a minha vez de encher o tambor dágua, tivemos que encerrar aquele papo gostoso afinal, não era fácil encontrar naquele meio, alguém com uma conversa mais agradável! Só existia garimpeiro, pessoas humildes e sem muita cultura.
Na hora de ir embora ele perguntou quando eu estaria indo para Boa Vista.
“ - Toninho, devo ir à semana que vem!
- Ótimo, é a mesma data que eu vou, vamos nos encontrar por lá, na agencia do Mucuim, certo?
- Certo! Respondi! Antes de partir, deu-me curiosidade de saber porque ele me perguntou se eu havia achado algum “ourinho”! Então perguntei-lhe e tive como resposta:
- Você não é garimpeiro, nunca foi e nunca será! Conheço um garimpeiro de longe Niltinho, e quando você desceu do bote, fiquei observando e perguntei para mim mesmo, o que será que este cabra está fazendo aqui? Garimpeiro você não era, estou certo ou não?”
Tive que concordar, afinal eu estava ali curando uma úlcera de duodeno. E nada mais, queria passar um tempo longe de casa, e ali onde eu estava, era perfeito! Ninguém me acharia, imaginem que fomos os primeiros brancos a andar por aquele rio e floresta, antes de nós apenas os índios ianomâmis o tinham feito! Volta e meia encontrávamos vestígios deles, pois são nômades e não permanecem muito tempo em um só local! Nunca encontramos aldeias, apenas acampamentos abandonados!
No dia combinado, encontramo-nos em Boa Vista , e não preciso dizer, foi uma farra, ele tratou de levar-me a um comprador de ouro seu amigo, e me apresentou como se fosse seu especial amigo, se eu precisasse de alguma coisa era só pedir,e assim a nossa amizade cresceu, sempre estávamos juntos, se eu quisesse arranjar um irmão, ninguém melhor que ele, era tanta a dedicação a mim que chequei a pensar o quanto Deus teria sido bom para comigo, por ter encontrado, e ter ficado amigo desta pessoa! Nós sempre dizíamos por aqui, que “Caititu fora do rebanho é comida de onça”, pela violência existente na região! Assim, um protegia o outro!
Certa ocasião, fomos conhecer uma cidadezinha próxima de Boa Vista e, como o ouro já estava escasseando, tínhamos que pensar em baratear nosso vôo, e dali seria vinte e cinco minutos mais ou menos, isto já fazia uma boa diferença.
Lá chegando, fomos para um hotel e na hora do banho, ele tirou vários vidros de remédios, cheios de ouro, jogou em cima da cama, e disse:
“ - Vou tomar banho Niltinho!”
Achei aquilo estranho, imaginem vocês que estávamos sempre rodeados de todo tipo de gente, muitos deles assassinos, por muito pouco estavam matando a gente e meu amigo andando com quase um quilo de ouro no bolso?
Quando ele saiu do banheiro, perguntei:
“ - Toninho porque você anda com todo este ouro? Não acha que é perigoso, tanto para você quanto para mim, que estou sempre ao seu lado? E você me mostrando este ouro, ainda? Isto não está certo. Da próxima vez deixe este ouro guardado em algum lugar, OK?”
Ele sorriu, e me mandou a merda!
Pensei comigo, será que está testando a minha lealdade? Outra ocasião ele me perguntou:
“ - Vamos para Goiânia Niltinho?
- Não, estou sem o “metal” Toninho, não dá não!
- Que nada, vamos dar um jeito nisto! No outro dia ele aparece com duas passagens na mão, pagas por ele, exigindo que fossemos juntos e que não se preocupasse com a volta!
Achei aquilo estranho, por mais que a nossa amizade fosse grande, porém, como não era para tanto, acabei concordando, afinal Deus não tinha me dado um irmão? Este era completo, vocês não acham?
Pegamos o Boeing no congestionado aeroporto de Boa Vista, vocês nem imaginam quantas vezes a Infraero foi obrigada aumentar o pátio de estacionamento, pois todo dia chegava mais e mais aviões, mono e bimotores, já devia ter uns trezentos, uma loucura!
Uma das coisas que gostava de fazer era, ir ao aeroporto ao cair da tarde, para assistir a chegada dos aviões vindo dos garimpos! Parecia aquela revoada de pato vindo para a lagoa, um reboliço só, chegavam em média cem aviões vindos de uma mesma direção, em uma mesma hora, todo mundo querendo descer no mesmo aeroporto, no mesmo momento! Meus amigos aquilo virou uma “zona”.
Passando por Manaus, aproveitamos para comprar alguma coisinha na zona franca, naquele tempo era muito diferente de hoje pois havia produto do mundo inteiro para você comprar, aquela imensidão de coisas! Tão grande que você se perdia dentro das lojas! Hoje não, só se encontra produtos fabricados em Manaus, e nada mais, deixou de ser aquele paraíso!
Descemos em Goiânia e fomos para meu apartamento, onde apresentei o novo amigo para minha família! Naquele dia Toninho, me fez prometer que na volta, queria conhecer o restante de minha família, que morava em Gurupi!
Como tinha interesse de mudar de Minas, eu falava muito dali, que tinha muitas oportunidades, uma região rica, muitos gaúchos plantando arroz irrigado na região do projeto Formoso, enfim, surgiu um interesse enorme seu, de conhecer Gurupi.
Uma semana em Goiânia não foram suficiente para nos recuperar daquela vida miserável que tínhamos no garimpo! Não acredito que exista um lugar mais estranho como aquele, onde os sonhos e a adrenalina é que movem o garimpeiro, que sonha com tudo, em fazer muito ouro, em ter uma linda mulher em seu braços, em ser o “bacana”!
E assim, quanto mais ouro ele faz, mais ele perde, é uma roda viva, enquanto ele não gasta a ultima grama não pára de procurar e é nesta busca incansável que ele acaba gastando aquilo que ganhou lá trás e compromete aquilo que ele sonha em ganhar lá na frente! Enfim, aí vem o “blefo”!
Quando Toninho do ouro voltou de Minas, estava aguardando por ele pois, na volta para a Cabeça do Cachorro, iríamos fazer o roteiro diferente: voltaríamos de ônibus ate Belém e de lá iríamos de barco até Manaus, e novamente de ônibus até Boa Vista, conhecendo assim o nosso Brasil por cima e por baixo! Legal, não?
Passando por Gurupi ficamos hospedados na casa de meu pai, e aí apresentei meu amigo a todos, não posso negar que ele se encantou com a região, com o povo, enfim com tudo! De tanto que se interessou, prometeu-me que, quando saíssemos de Boa Vista, ele iria mudar para Gurupi! Partimos para Belém de Ônibus!
Em Belém, fomos para o cais e observamos que não seria nada agradável a nossa ida de barco, pois vimos o perigo que correm aqueles que são obrigados a usar este tipo de transporte, pela irresponsabilidade de todos envolvidos neste sistema: excesso de peso, de passageiros, etc., tornando assim a viagem muito perigosa para aqueles que são obrigados a fazê-la!
Tratamos de garantir nossa vaga no próximo avião para Manaus, e aí sim, a viagem foi interessante, o tempo estava ótimo, sobrevoamos o rio Amazonas, que maravilha!
A grandeza do rio, aquela imensidão de água, impressiona qualquer um sem duvida nenhuma e deixa qualquer brasileiro orgulhoso da “sua” Amazônia!
Em Manaus aconteceu um episódio que me deixou intrigado por muito tempo: estávamos na praça, perto do famoso teatro Municipal, quando vimos imaginem quem? O Mussum, companheiro do Didi dos Trapalhões, aí tiramos uma foto com ele, por sinal uma simpatia! Nos tratou muito bem!
Quando estávamos para retornarmos ao hotel, topamos com uma cigana, e ela tentando ler minha mão, o que me aborreceu, até engrossar com ela, o que acabou irritando meu amigo de tal forma, que comecei a imaginar que ele pertencia àquele povo! E todos nós sabemos da esperteza destes seres, em negócios!
Quando Toninho foi comprar as nossas passagem na rodoviária, sabendo que aquela viagem seria uma barra e ele não abria mão de ir de ônibus, (eu queria ir de avião) tratou de comprar para mim e para ele quatro assentos, como garantia de viagem mais confortável e graças a Deus foi uma grande idéia! A viagem foi um suplício, só vi terra ruim, pobreza, e muita reserva indígena!
Quando chegamos a Boa Vista, estava quebrado e levei uns dois dias para me recuperar! Nunca mais, irmão, entro numa aventura dessas!
De volta a nossa rotina de garimpeiros, sentimos que ad coisad só iam piorando pois o Collor havia sido eleito presidente, os garimpeiros em peso votaram nele!
Foi triste para todos, ver o presidente homologar a área indígena dos ianomâmis, se não me engano sete milhões de hectares, que foram para o brejo, justamente a área em que garimpávamos!
Nunca vi uma área tão rica em minérios como aquela, se algum dia destes, a lei mudar, garantindo a exploração destas riquezas, aí sim, vocês vão ver Roraima ir para o topo, pois, para mim, conhecedor da situação, entendo que aquela região é bastante superior à existente aqui em Ourilândia do Norte, o que não é nenhuma surpresa!
Com a reserva criada, o governo caiu em cima de nós e foi àquela quebradeira, tínhamos assistido a explosão de desenvolvimento em Boa Vista e de uma hora para outra vimos a outra face, “o blefo”.
Ele chegou de tal forma que não teve ninguém que não sofreu na pele os horrores provenientes da criação da reserva e de outros, que estão impondo aos povos da Amazônia, aqueles que já habitavam estas regiões há muito tempo, sem direito de defesa, que justiça é esta, que não reconhece o direito aqueles que chegaram primeiro?
Numa reunião realizada na Associação dos Garimpeiros, chegamos à conclusão que não restava mais nada, tínhamos que abandonar a área e arcar com todo o prejuízo e quanto mais cedo melhor, pois a Policia Federal ia cair de pau em cima de nós, como de fato caiu, mais tarde!
Não preciso dizer que foi um “salve-se quem puder”! Tratei de garantir o que podia de minha balsa, consegui tirar o motor MWM três cilindros que havia custado um carro zero, umas mangueiras, o motor de popa e o resto ficou na barranca do rio Urariquera, logo na entrada da Corredeira da Fumaça, o único lugar que não demos conta de passar, devido às fortes correntes, caso contrário, teríamos apoitados no porto de Boa Vista.
Quem tentou passar por ela, ficou lá mesmo, no fundo do rio que, por incrível que possa parecer, só tinha um barqueiro que dava conta de subir e descer por ela, porque estava acostumado a descer pelo Rio Xingu, em situação muito parecida!
Assim, com “o rabo por entre as pernas”, tratamos de dar adeus a Roraima, pois os que ficaram, caíram na mão da Polícia Federal e foi aquele “tasca”! Um dia ainda contarei a estória, de como foi à retirada dos garimpeiros de Boa Vista! Um horror, mais de cinqüenta mil pessoas passando todo tipo de privação, humilhação, fome, além de muito desespero!
O governo nos entregou à própria sorte,e nem preciso dizer que foi o maior sufoco da história dos garimpos.
Despedi-mo-nos em Boa Vista , peguei meu rumo e Toninho pegou o dele, prometendo que um dia apareceria em Goiânia para que eu fosse levá-lo para Gurupi. E como tinham acontecido muitas coisas que eu não acreditava, achei que nunca mais iria vê-lo. Sinceramente não acreditava que ele teria vontade ainda, de ir para Gurupi, tamanho foi o nosso prejuízo!
Passaram-se uns meses, já tinha absorvido a aventura e o prejuízo que Roraima me proporcionou, quando alguém bate na porta de meu apartamento,e imaginem vocês quem era? Toninho do Ouro, em carne e osso! Levei um susto, não imaginava voltar a encontrá-lo tão cedo pois, geralmente, essas amizades feitas em garimpo acabam cedo, raramente você reencontra o amigo e com Toninho estava sendo diferente, e acreditem, melhor da estória estava por vir, vocês vão ver!
Não nego que fiquei feliz em vê-lo, afinal foi quase um ano de sofrimentos, ilusões, desilusões, mas como em a nossa vida nem tudo é perdido, restou nossa amizade,e ele ali estava, para que eu cumprisse a promessa de levá-lo para conhecer melhor a nossa querida Gurupi, cidade em que, juntamente com minha família, participei de uma parte de seu desenvolvimento! Tínhamos chegado lá, no tempo em que a Rodovia Belém–Brasília cortava a cidade pelo meio!
Gurupi era uma “corrutelinha” de beira de estrada, mas ali minha família tinha fincado uma sólida base moral e, sem duvida, meu pai gozava de invejável prestigio, junto à sociedade local!
Partimos logo cedo, eu, Toninho e um amigo dele, numa agradável viagem numa camionete Ford semi nova, ele com um chapelão de boiadeiro no pescoço, e nos braços, quase meio quilo de ouro, entre correntes e anéis, o que atestava sua fama de garimpeiro de sorte, e seu apelido, “Toninho do Ouro”.
Sem duvida uma figura que chamava a atenção, sem falar na incrível capacidade de envolvimento, de criar sonhos que tinha, atraindo qualquer um pela marcante personalidade.
E foi assim que aconteceu em Gurupi, após sua entrada triunfal, ocorrida em um leilão de gado, onde arrematou uma égua quarto de milha, disputadíssima entre os fazendeiros locais, por um preço que assustou a todos que estava no ambiente!
Nunca me esqueço que após o arremate, no momento em que foram lhe apresentar o comprador, ele levantou e acenou para todos!
Estava feita assim, sua apresentação perante os grandes proprietários de terra e fazendeiros presentes no recinto, sem falar que, nos comentários do dia seguinte, todo mundo queria conhecer aquele que havia comprado a égua mais cara de Gurupi! Neste dia fiquei brabo com ele, afinal para que havia feito aquilo? Se ele não tinha ao menos onde colocá-la? Ele riu, e me disse:
“ - Fique com ela, ponha na fazenda de seu pai. Afinal faça o que quiser!” Achei aquilo um tanto estranho.
Após uma semana, entre churrascos e muitas apresentações, ele me disse:
“ - Niltinho, vou alugar uma casa aqui, de preferência perto da casa de seu pai e vou mudar! Gostei daqui, isto aqui é um lugar de “futuro”, é como você me dizia.”
E foi assim que conheci sua família, os meninos tinham aproximadamente entre dez e treze anos, sempre foram gordinhos e muito alegres! Tinham herdado do pai ,a simpatia, e desde cedo, Toninho os colocava para cantar e declamar poesias, e eu ficava encantado vendo aquelas crianças desde cedo lidando com o publico, sem qualquer inibição!
O mais novinho, justamente pela pouca idade, é o que atraia as maiores atenções! Eu admirava aquela fé que Toninho depositava nas crianças,e me dizia sempre:
“ - Esses meninos vão longe,você vai ver Niltinho!” E o interessante é que eu não via futuro brilhante como Toninho via, as vozes das crianças em formação não eram exatamente de chamar atenção! Tinha visto muitas crianças iguais, para mim era mais um pai apaixonado pela sua família!
Após sua chegada em Gurupi, Toninho, enturmado em meio aos fazendeiros, iniciou grande movimento de compra e venda de gado, logo já tinha se tornado um dos maiores negociantes do ramo, e começou também, a comprar umas propriedades em volta da cidade!
Em um episódio que não esqueço, o mais velho levou um tombo de cavalo, quando estávamos vendo o Toninho filmando uma vacada nelore, e ele veio correndo em nossa direção e ao chegar perto, o cavalo deu uma parada brusca, fazendo com que ele saísse por cima do pescoço, caindo bem ao nosso lado! Felizmente o cavalo muito manso e ele, que não havia soltado a rédea, não se machucaram, e foi aquela graça, se não me engano alguém conseguiu filmar o tombo!
E foi assim, no meio de muito amor, de muitas brincadeiras pela chácara que Toninho havia comprado, que aquelas crianças passaram parte de sua infância.
Após uns anos Toninho resolveu mudar de Gurupi e eu nunca mais os vi. Já morando em Tucumã, recebi um telefonema de meu irmão Milton, pedindo que eu comprasse um DVD da dupla Cezar Menotti e Fabiano e tentasse descobrir quem seriam!
Como eu havia estado em Goiânia quando eles estavam dando um show, havia notado que aquelas fisionomias não me eram estranha, pela grande aparência com o pai, porém nunca poderia imaginar que seriam os filhos do Toninho do Ouro, justamente aquelas crianças que eu havia conhecido tão bem!
Hoje eu coloco seu DVD para rodar e fico lembrando. Se aquele pai que acreditava no sucesso de seus filhos, não fizesse o que ele fez isto é, apoiar, investir e acreditar, tenho certeza que hoje eles não seriam o que são hoje, e isto deve servir de exemplo para muitos. E deixo aqui uma mensagem: ACREDITEM EM SEUS FILHOS !
Esta história, originalmente, era para ter sido publicada no Taiadablog, no dia 4 de julho passado e só não o fizemos em respeito ao luto da família e também do autor Comandante Niltinho Costa, que viveu e conseguiu ilustrar, perfeitamente, toda a luta de um pai para ver o sucesso de seus filhos! Minhas homenagens ao grande Toninho do Ouro e seus filhos Cesar Menotti e Fabiano! Que Deus os guie!
3 comentários:
A historia é intereçante, sem duvida, e um exemplo para muitos pais de hoje, felizes destes dois que tiveram um pai assim , esta ai a razão de seus sucessos.
sensasional historia
Só me resta dizer uma coisa: Saudade
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