Amor, porque te quero
Ele acordou primeiro. Graças à luz de cortesia do corredor divisou ao lado o perfil bonito que, em sono profundo, ressonava. Com cautela voltou-se para a lateral da cama e tateou junto aos chinelos, em busca da jarra na qual a flor pernoitara às escondidas. Era uma surpresa para o momento que se anunciava.
Ainda era madrugada. Com isso, aproveitou os momentos finais de sono da esposa (ele esperava por seu despertar espontâneo) para pinçar lembranças dos cinquenta anos de união que comemorariam naquele dia. Fora uma bela jornada, sem dúvida.
Moravam agora sós. Os três filhos, já fazia algum tempo, haviam alçado voo para seus próprios ninhos. Sós, ficaram no incremento de um mútuo afeto, tudo decorrente da bravura da mulher adormecida a seu lado.
O destino lhes ofertara duras provas para a perseverança. De um início radioso, com folgas para belas casas e viagens, viram-se, de repente, sem explicações para isso ou aquilo, em extrema penúria; situação que se consumou em ridículas aposentadorias.
Mas, dos dois, tudo se deveu a ele. Ele fora a cigarra a cantar por todo o verão...
Que ficassem de lado, entretanto, as lamúrias ou os remorsos. O que contava era que, por obra exclusiva da mulher, o mundo crescera no amor. Seus atos de incontestável doação cuidaram da permuta das derrotas pela vitória. Ela que, de considerada senhora da sociedade local, descera, com resignação, aos domínios do ferro de passar, do tanque e do fogão. E ele, amparado por tal estoicismo e cativo do carinho constante dela, chegou àquele momento.
Nas semanas antecedentes aqueles instantes de emoção, mil projetos povoaram a mente. Foi desde a intenção de uma cerimônia, daquela em que os casais se reafirmam no compromisso, diante da sociedade, até aquele que, em conformidade com a simplicidade da mulher, ganhou a escolha dele. Então, foi à floricultura e no plágio ao poeta, pediu à florista:
- Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver.
E em pouco mais a esposa começou a despertar. Espreguiçou-se, tomou consciência plena e, sorrindo para o parceiro, estendeu-lhe os braços. Ela também sabia da importância do dia que nascia. Então o homem lhe estendeu a flor, enunciando sua pergunta:
- Como se chama isto?
E ela, surpresa e divertida:
- É uma rosa, ora!
E ele, mergulhado em emoção e separando sílabas, a contestou:
- Não, querida. Hoje, em especial, isto se chama fi-de-li-da-de.
Ainda era madrugada. Com isso, aproveitou os momentos finais de sono da esposa (ele esperava por seu despertar espontâneo) para pinçar lembranças dos cinquenta anos de união que comemorariam naquele dia. Fora uma bela jornada, sem dúvida.
Moravam agora sós. Os três filhos, já fazia algum tempo, haviam alçado voo para seus próprios ninhos. Sós, ficaram no incremento de um mútuo afeto, tudo decorrente da bravura da mulher adormecida a seu lado.
O destino lhes ofertara duras provas para a perseverança. De um início radioso, com folgas para belas casas e viagens, viram-se, de repente, sem explicações para isso ou aquilo, em extrema penúria; situação que se consumou em ridículas aposentadorias.
Mas, dos dois, tudo se deveu a ele. Ele fora a cigarra a cantar por todo o verão...
Que ficassem de lado, entretanto, as lamúrias ou os remorsos. O que contava era que, por obra exclusiva da mulher, o mundo crescera no amor. Seus atos de incontestável doação cuidaram da permuta das derrotas pela vitória. Ela que, de considerada senhora da sociedade local, descera, com resignação, aos domínios do ferro de passar, do tanque e do fogão. E ele, amparado por tal estoicismo e cativo do carinho constante dela, chegou àquele momento.
Nas semanas antecedentes aqueles instantes de emoção, mil projetos povoaram a mente. Foi desde a intenção de uma cerimônia, daquela em que os casais se reafirmam no compromisso, diante da sociedade, até aquele que, em conformidade com a simplicidade da mulher, ganhou a escolha dele. Então, foi à floricultura e no plágio ao poeta, pediu à florista:
- Hoje, eu quero a rosa mais linda que houver.
E em pouco mais a esposa começou a despertar. Espreguiçou-se, tomou consciência plena e, sorrindo para o parceiro, estendeu-lhe os braços. Ela também sabia da importância do dia que nascia. Então o homem lhe estendeu a flor, enunciando sua pergunta:
- Como se chama isto?
E ela, surpresa e divertida:
- É uma rosa, ora!
E ele, mergulhado em emoção e separando sílabas, a contestou:
- Não, querida. Hoje, em especial, isto se chama fi-de-li-da-de.
Conto Premiado no Concurso Literário FALANDO DE AMOR – Vol II
3 comentários:
Ricardo, parabéns pelo belissimo texto que você nos apresenta, que ele represente na vida de todos um marco a ser seguido.
Ricardo Ferraz felicito-o pelo texto e pela premiação no concurso. Que venham outros.
Acadêmico Ricardo Ferraz, por este conto tão perfumado de rosas, carinho e amor, só posso lhe cobrir em uma salva de pétalas de rosas. Belíssimo conto, parabéns.
Cleopatra. ACL
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