Taiadablog: O dia em que eu morri... !!!

sexta-feira, 9 de março de 2012

O dia em que eu morri... !!!

Interiorano legítimo como sou, da cidade simpatia (Caçapava - SP), localizada no Vale do Paraíba, onde toda a família tem raízes e na qual também os familiares da esposa fazem sua história, há algum tempo, quando ainda morava por lá, e por um infortúnio familiar, começou a circular a notícia de que eu teria morrido...

Professor como era (e ainda sou), com anos de atuação e muitos alunos na conta final, contando com a estima e consideração de vários, além de que também minha esposa atua na educação e todos de sua escola igualmente me conheciam, tudo aconteceu quando do falecimento de um primo, pessoa pela qual tínhamos consideração e carinho.

Morreu de um jeito triste, num acidente do qual poderia ter saído sem maiores problemas se estivesse usando o cinto de segurança. Não foi assim, era sua hora, deve ter cochilado ao volante e despediu-se da vida de forma precoce, quando ainda tinha seus 37 anos de idade. 

Correria na família: comunicar a todos, encomendar o enterro, esperar a liberação do corpo, amparar os parentes mais próximos em sua tristeza evidente... Enquanto isso, como parte da cultura local de Caçapava, os convites de enterro sendo afixados nos postes do município já informavam o nome do falecido, suas ligações familiares e profissão.

E o primo, como eu, era professor. Enquanto eu lecionava história, filosofia e afins, ele dava aulas de educação física. Também na mesma conta, tinha dois nomes pelos quais era chamado e conhecido e que, coincidentemente, começavam com J e L. A única diferença é que ele era José e eu, João.

Bom, como era de se esperar, apesar de não pensarmos nessa possibilidade. A notícia se espalhou e o falecido, professor José Luiz, em pouco tempo, para alguns, nesse telefone sem-fio infindável, levou para alguns a notícia igualmente triste de que o finado era... o professor João Luís!

Recebi alguns telefonemas e os respondi assegurando a interlocutores (amigos e alunos) que tudo estava bem comigo e informando que o falecido era o estimado primo e também professor, José Luiz. 

Passou o enterro, alguns dias também e novo comunicado foi aos postes da cidade, informando a data, horário e local da missa de sétimo dia. Nesse meio tempo, a vida voltou ao normal e, com ela, aparentemente, o boato de minha morte foi se esvaindo. 

Porém, num destes dias seguintes, entrei numa loja e a proprietária, que me conhecia a um bom tempo, arregalou os olhos e empalideceu no mesmo instante em que me viu... Parecia estar diante de um fantasma e, creio, foi o que realmente pensou naquele momento. Não conseguindo se conter, me disse: "Me falaram que você tinha morrido." 

Expliquei a ela, então, a confusão toda e falei do meu parentesco com o finado professor José Luiz, meu primo em primeiro grau. Foi então que ela exclamou, sem muito pensar: "Que bom!". Rapidamente se deu conta de sua nova gafe e se desculpou: "Digo, fico feliz em vê-lo e meus sentimentos pelo seu primo".

Obs. Em muitos momentos o Zé me vem a cabeça. Foi o primo mais próximo na infância, nadamos na equipe da Associação Esportiva São José e depois a vida deu rumos diferentes para nós, mas sempre tivemos afinidade, respeito e carinho um pelo outro. Partiu muito cedo! Saudades.

Prof. Dr. João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letra

Um comentário:

Brasilino Neto disse...

João Luis você, com a maestria de sempre, transforma um fato triste em uma situação amena e nela presta uma belissima homengem ao seu primo José Luiz. Parabéns.