Uma das graças da existência humana é a
administração do tempo. Os mais precavidos cuidam dos minutos, porque as
horas voam. Os mais sábios logo aprendem que quem escolhe o momento
exato economiza muito tempo. Algo de muito esquisito sucede com o
relógio da Procuradoria-Geral da República. No caso Cachoeira, atrasou
três anos. Noutra causa, esmiuçada pelo repórter Elio Gaspari nas
páginas deste domingo (20), mata o tempo. O artigo de Gaspari,
disponível aqui, vai reproduzido abaixo:
Em
outubro de 2010, o estudante Marco Paulo dos Santos, um negro
evangélico de 24 anos, era estagiário no Superior Tribunal de Justiça,
foi à agencia do Banco do Brasil que funciona no prédio e esperava sua
vez para usar um terminal. Pela sua narrativa, havia um senhor operando a
máquina e ele aguardava sua vez atrás da linha demarcatória. À certa
altura, o cidadão voltou-se, dizendo: ‘Quer sair daqui?’.
Marco explicou-lhe que estava no lugar adequado, mas não convenceu.
‘Como eu não saí, ele se apresentou: ‘Sou Ari Pargendler, presidente do
STJ, e você está demitido. Isso aqui para você acabou’.’ Pargendler
teria puxado o crachá do rapaz para ver seu nome. Uma hora depois, Marco
recebeu uma carta de demissão por ter cometido ‘falta gravíssima de
respeito’.
Marco Paulo deu queixa na 5 Delegacia da Polícia Civil e uma
testemunha corroborou sua versão. Pargendler, presidente do ‘Tribunal da
Cidadania’, não se pronunciou. O processo contra o doutor por agressão
moral foi remetido ao Supremo Tribunal Federal, sob sigilo.
Felizmente, o
ministro Celso de Mello tirou-o do segredo e remeteu os autos à
Procuradoria-Geral da República, para que verificasse ‘a exata adequação
típica dos fatos narrados neste procedimento penal’. No dia 17 de
dezembro de 2010, o processo foi para as mãos da subprocuradora-geral
Claudia Sampaio Marques. Cadê?
Quando completou um ano de espera, Marco Paulo disse ao repórter
Frederico Vasconcelos que ‘entregou o caso nas mãos de Deus’. Fez muito
bem, porque, em condições normais, a Procuradoria teria cumprido sua
tarefa em dois meses.
No dia 7 de março, a doutora Sampaio Marques devolveu o processo e,
ao dia 14 de abril ele foi redistribuído para o procurador-geral Roberto
Gurgel, seu marido. Explicação? Nem pensar.
Eremildo é um idiota e, ao lembrar que Operação Vegas ficou com o
doutor Gurgel durante quase três anos, convenceu-se de que não se deve
falar do caso de Marco Paulo, pois isso é coisa de ‘pessoas que estão
morrendo de medo do julgamento do mensalão’.“
Um comentário:
O Gurgel tem uma carinha de bom menino, de boa gente, boa pessoa, o que até acredito que ele seja mesmo, mas como profissional tem deixado bem de cumprir os papéis fundamentais que lhes cabe. Um pena que este Brasil tenha pessoas assim em seu comando.
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