Em sua edição de 27 de maio de 1992, VEJA publicou uma reportagem de capa com as denúncias de Pedro Collor contra seu próprio irmão, o então presidente Fernando Collor de Mello. Em companhia da mulher, Maria Tereza, e de uma irmã, Ana Luiza, Pedro Collor deu uma entrevista de duas horas à revista. A mulher e a irmã de Pedro Collor foram testemunhas de suas declarações, e chegaram a colaborar em algumas respostas. “PC é o testa de ferro do Fernando”, afirmou Pedro a VEJA. ” O Paulo César é a pessoa que faz os negócios de comum acordo com o Fernando. Não sei exatamente a finalidade dos negócios, mas deve ser para sustentar campanhas ou manter o status quo“, prosseguiu. Nos quatro meses seguintes, a revista lançou mais catorze capas sobre o esquema de corrupção organizado pelo tesoureiro de campanha do presidente, Paulo César Farias, o PC. VEJA acompanha a trajetória de Collor desde 1989, quando o político apareceu pela primeira vez na capa da revista – e hoje é um dos principais alvos da artilharia do político contra a imprensa. Confira a seguir a ascensão e queda de Collor retratadas nas páginas de VEJA.
A inchada burocracia brasileira já era alvo das denúncias de VEJA havia muitos anos quando Fernando Collor de Mello, então governador de Alagoas, começou a combater a praga dos supersalários no funcionalismo de seu estado. Foi por causa dessas medidas de ajuste da máquina governamental que o político alagoano apareceu pela primeira vez na capa de VEJA, em 23 de março de 1988. A expressão “caçador de marajás” foi usada como um dos slogans de Collor nas eleições do ano seguinte, as primeiras diretas para presidente depois do regime militar.
Em disputa com Lula no segundo turno, Collor saiu vencedor. VEJA registrou o caráter acirrado da campanha em dezembro de 1989: “Collor – Vitória num país dividido”, dizia a chamada de capa sobre sua eleição. Instalado o novo governo, o país foi surpreendido com o mais traumático de todos os planos econômicos – aquele que confiscou a poupança e a conta-corrente dos brasileiros. O Plano Collor se mostraria um fiasco retumbante naquela que era sua principal missão, acabar com a inflação no Brasil.
Os seguidos fracassos na área econômica, acompanhados de trapalhadas políticas nos dois primeiros anos de mandato, colocaram o governo Collor na berlinda. Mas o pior ainda estava por vir. Em maio de 1992, VEJA publicou uma histórica reportagem de capa com as denúncias de Pedro Collor contra seu próprio irmão, o presidente Fernando.
Nos quatro meses seguintes, a revista lançou mais catorze capas sobre o esquema de corrupção organizado pelo tesoureiro de campanha do presidente, Paulo César Farias, o PC. Sua proximidade com Collor escancarou as portas para que ele se metesse em todos os cantos do governo, do Palácio do Planalto ao Banco Central, passando por diversos ministérios. PC nomeou, demitiu e influenciou as decisões do governo. Comandando um esquema de poder paralelo, traficou influência e desviou recursos públicos, como ficaria provado por uma série de documentos revelados por VEJA naquele tempo.
A população foi às ruas pedir a saída do presidente, enquanto o Congresso e o Judiciário puseram-se à caça de Collor. Em 29 de setembro de 1992, Collor caiu. O “caçador de marajás” tornou-se o primeiro presidente da história política brasileira a sofrer um processo de impeachment.
A expulsão da “República de Alagoas” de seu paraíso terrestre, os cofres públicos, foi uma vitória da sociedade brasileira. A renúncia do presidente Fernando Collor e a subseqüente suspensão de seus direitos políticos pareciam a catarse perfeita depois de longo período de sofrimento. VEJA foi instrumental na higiene política que culminou com a saída de Collor. Até o impeachment, publicou dezenas de reportagens que expuseram as entranhas de uma capilar organização criminosa dedicada a pilhar as fontes de riqueza estatais e privadas do país. Para VEJA, 1992 foi “O ano glorioso em que nos livramos delle”. O Brasil nunca vira antes tamanha desfaçatez de homens públicos. Conseguiu livrar-se de um presidente corrupto, chefe de uma quadrilha que violava a Constituição e levava o país para o abismo.
O presidente deixou o Planalto em 2 de outubro, caminhando de mãos dadas com sua mulher, Rosane, entre uma multidão que vaiou até o casal entrar, pela última vez, no helicóptero presidencial. Em 29 de dezembro, para evitar o impeachment, Collor renunciou ao cargo momentos antes de o Senado julgá-lo culpado, cassando-lhe o mandato e os direitos políticos por oito anos, até o ano 2000. Passados mais de quatro anos da renúncia, o ex-presidente conseguiu defender-se em todos os processos e acabou livrando-se da cadeia.
Para Fernando Collor, seus amigos e sua família, os cinco primeiros anos após a renúncia foram de sofrimento e ostracismo. Sua mãe vegetou numa cama de hospital e faleceu sem recuperar a consciência. Seu irmão Pedro Collor, que o denunciara, morreu de um câncer no cérebro. Seu braço-direito, Paulo César Farias, fugiu do Brasil, voltou algemado e, em 1993, foi preso e condenado. Acabou assassinado no dia 23 de junho de 1996, em sua casa de praia em Maceió, ao lado da namorada, Suzana Marcolino.
Collor mudou-se para Miami com Rosane e lá ficou, em silêncio, até outubro de 1997, quando voltou ao Brasil para acompanhar o demorado julgamento de seu recurso ao Supremo Tribunal Federal. Ele esperava que o STF decidisse pela anulação do impeachment, e ele pudesse concorrer nas eleições presidenciais do ano seguinte. Em fevereiro de 1998, o Conselho do Contribuinte, em Brasília, anunciou que o ex-presidente havia sido liberado de um pagamento de 4 milhões de reais em impostos cobrados pela Receita Federal. Restou uma multa de 1 milhão.
Em 2000, Collor tentou em vão candidatar-se a prefeito de São Paulo. Dois anos depois, autorizado a retomar sua vida política, Collor queria espantar o passado e voltar à carreira pública. Candidato ao governo de Alagoas, chegou a ficar em segundo lugar na disputa, com 37% das intenções de voto. Mas o passado insistia em assombrá-lo. VEJA descobriu que Collor seria indiciado pela Polícia Federal pelo crime de evasão de divisas. Seria formalmente acusado de desembolsar 2,2 milhões de dólares para patrocinar uma farsa – o Dossiê Cayman, um conjunto de papéis forjados que atribuíam a quatro tucanos, FHC entre eles, a propriedade de uma conta bancária secreta no exterior.
Conseguiu, contudo, eleger-se senador por Alagoas em 2006. Em 2012, passados 20 anos do impeachment, Collor uniu-se aos radicais do PT – partido que ajudou a tirá-lo do poder – na tentativa de se vingar da imprensa. Para tanto, usou como palco a CPI instaurada no Congresso para investigar os tentáculos políticos de Carlinhos Cachoeira. A tentativa de achaque, contudo, foi rechaçada pelos demais membros da comissão. E tornou Collor alvo de duras críticas de seus pares!
A inchada burocracia brasileira já era alvo das denúncias de VEJA havia muitos anos quando Fernando Collor de Mello, então governador de Alagoas, começou a combater a praga dos supersalários no funcionalismo de seu estado. Foi por causa dessas medidas de ajuste da máquina governamental que o político alagoano apareceu pela primeira vez na capa de VEJA, em 23 de março de 1988. A expressão “caçador de marajás” foi usada como um dos slogans de Collor nas eleições do ano seguinte, as primeiras diretas para presidente depois do regime militar.
Em disputa com Lula no segundo turno, Collor saiu vencedor. VEJA registrou o caráter acirrado da campanha em dezembro de 1989: “Collor – Vitória num país dividido”, dizia a chamada de capa sobre sua eleição. Instalado o novo governo, o país foi surpreendido com o mais traumático de todos os planos econômicos – aquele que confiscou a poupança e a conta-corrente dos brasileiros. O Plano Collor se mostraria um fiasco retumbante naquela que era sua principal missão, acabar com a inflação no Brasil.
Os seguidos fracassos na área econômica, acompanhados de trapalhadas políticas nos dois primeiros anos de mandato, colocaram o governo Collor na berlinda. Mas o pior ainda estava por vir. Em maio de 1992, VEJA publicou uma histórica reportagem de capa com as denúncias de Pedro Collor contra seu próprio irmão, o presidente Fernando.
Nos quatro meses seguintes, a revista lançou mais catorze capas sobre o esquema de corrupção organizado pelo tesoureiro de campanha do presidente, Paulo César Farias, o PC. Sua proximidade com Collor escancarou as portas para que ele se metesse em todos os cantos do governo, do Palácio do Planalto ao Banco Central, passando por diversos ministérios. PC nomeou, demitiu e influenciou as decisões do governo. Comandando um esquema de poder paralelo, traficou influência e desviou recursos públicos, como ficaria provado por uma série de documentos revelados por VEJA naquele tempo.
A população foi às ruas pedir a saída do presidente, enquanto o Congresso e o Judiciário puseram-se à caça de Collor. Em 29 de setembro de 1992, Collor caiu. O “caçador de marajás” tornou-se o primeiro presidente da história política brasileira a sofrer um processo de impeachment.
A expulsão da “República de Alagoas” de seu paraíso terrestre, os cofres públicos, foi uma vitória da sociedade brasileira. A renúncia do presidente Fernando Collor e a subseqüente suspensão de seus direitos políticos pareciam a catarse perfeita depois de longo período de sofrimento. VEJA foi instrumental na higiene política que culminou com a saída de Collor. Até o impeachment, publicou dezenas de reportagens que expuseram as entranhas de uma capilar organização criminosa dedicada a pilhar as fontes de riqueza estatais e privadas do país. Para VEJA, 1992 foi “O ano glorioso em que nos livramos delle”. O Brasil nunca vira antes tamanha desfaçatez de homens públicos. Conseguiu livrar-se de um presidente corrupto, chefe de uma quadrilha que violava a Constituição e levava o país para o abismo.
O presidente deixou o Planalto em 2 de outubro, caminhando de mãos dadas com sua mulher, Rosane, entre uma multidão que vaiou até o casal entrar, pela última vez, no helicóptero presidencial. Em 29 de dezembro, para evitar o impeachment, Collor renunciou ao cargo momentos antes de o Senado julgá-lo culpado, cassando-lhe o mandato e os direitos políticos por oito anos, até o ano 2000. Passados mais de quatro anos da renúncia, o ex-presidente conseguiu defender-se em todos os processos e acabou livrando-se da cadeia.
Para Fernando Collor, seus amigos e sua família, os cinco primeiros anos após a renúncia foram de sofrimento e ostracismo. Sua mãe vegetou numa cama de hospital e faleceu sem recuperar a consciência. Seu irmão Pedro Collor, que o denunciara, morreu de um câncer no cérebro. Seu braço-direito, Paulo César Farias, fugiu do Brasil, voltou algemado e, em 1993, foi preso e condenado. Acabou assassinado no dia 23 de junho de 1996, em sua casa de praia em Maceió, ao lado da namorada, Suzana Marcolino.
Collor mudou-se para Miami com Rosane e lá ficou, em silêncio, até outubro de 1997, quando voltou ao Brasil para acompanhar o demorado julgamento de seu recurso ao Supremo Tribunal Federal. Ele esperava que o STF decidisse pela anulação do impeachment, e ele pudesse concorrer nas eleições presidenciais do ano seguinte. Em fevereiro de 1998, o Conselho do Contribuinte, em Brasília, anunciou que o ex-presidente havia sido liberado de um pagamento de 4 milhões de reais em impostos cobrados pela Receita Federal. Restou uma multa de 1 milhão.
Em 2000, Collor tentou em vão candidatar-se a prefeito de São Paulo. Dois anos depois, autorizado a retomar sua vida política, Collor queria espantar o passado e voltar à carreira pública. Candidato ao governo de Alagoas, chegou a ficar em segundo lugar na disputa, com 37% das intenções de voto. Mas o passado insistia em assombrá-lo. VEJA descobriu que Collor seria indiciado pela Polícia Federal pelo crime de evasão de divisas. Seria formalmente acusado de desembolsar 2,2 milhões de dólares para patrocinar uma farsa – o Dossiê Cayman, um conjunto de papéis forjados que atribuíam a quatro tucanos, FHC entre eles, a propriedade de uma conta bancária secreta no exterior.
Conseguiu, contudo, eleger-se senador por Alagoas em 2006. Em 2012, passados 20 anos do impeachment, Collor uniu-se aos radicais do PT – partido que ajudou a tirá-lo do poder – na tentativa de se vingar da imprensa. Para tanto, usou como palco a CPI instaurada no Congresso para investigar os tentáculos políticos de Carlinhos Cachoeira. A tentativa de achaque, contudo, foi rechaçada pelos demais membros da comissão. E tornou Collor alvo de duras críticas de seus pares!
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