Nossos estudantes, com raras exceções, não sabem estudar. Nem mesmo aqueles que chegam à universidade conseguiram se organizar como deveriam para desenvolver seus estudos. Não é raro perceber que muitos deles nem ao menos se preocupam em anotar as informações que são passadas em aula pelos professores...
Se não anotam o que lhes é passado diariamente em classe isso significa, na prática, que estão em descompasso com as práticas de estudo que esperamos que realizem. É certo que todas as orientações dadas na escola serão reaproveitadas futuramente em trabalhos, tarefas, projetos ou em avaliações.
Além disso, se o estudante não escreveu em seu caderno os conceitos e informações da aula, como poderá se orientar quanto às outras fontes utilizadas pelo professor em seu curso? Se as páginas dos cadernos estão em branco é pouco provável que esse estudante consiga identificar capítulos dos livros didáticos usados no curso ou que ele consiga saber ao certo o que, em cada um dos capítulos previstos em provas, realmente será utilizado.
Lembro um outro detalhe importante, ou seja, como podemos escrever a respeito de temas ou assuntos com os quais não temos muito pouca ou nenhuma familiaridade?
E olhem que estamos falando apenas do primeiro round dessa batalha incessante dos estudantes durante os seus anos de educação escolar. A postura em sala de aula é apenas um indício do despreparo de muitos e muitos alunos. A forma como se sentam nas cadeiras, a assiduidade, a pontualidade, a regularidade com que trazem os materiais requisitados para as aulas, o cumprimento dos prazos previstos para trabalhos e projetos e alguns outros indicadores comportamentais também nos levam a concluir que os alunos precisam urgentemente de orientações de estudo.
“As anotações o ajudam a prestar mais atenção na aula e o estudo
posterior se torna mais fácil. Capricho e estética fazem uma boa
combinação e podem auxilia-lo na hora de revisar o conteúdo da prova.”
(101 Atitudes para o estudo inteligente)
Caberia a cada escola possuir orientadores educacionais que viessem a realizar esse trabalho com o apoio dos professores. O problema é que a maioria das escolas não conta com os serviços desse pedagogo especializado em orientação. Se não bastasse isso, os professores também não se preocupam em dar as devidas orientações de estudo a seus pupilos. Isso quando não constatamos que há professores que também não sabem estudar...
O livro 101 Atitudes para o estudo inteligente, dos autores Eliel Unglaub e Delton Lehr Unglaub, procura trazer informações que esclareçam e facilitem o estudo nas escolas brasileiras. Destina-se obviamente a educadores, estudantes e pais de alunos que procuram orientações de caráter prático que ajudem a melhorar o rendimento em nossas escolas.
O mais interessante de tudo isso é que os estudantes, por desconhecimento de causa, não percebem que estudar pode ser uma atividade prazerosa, instigante e valiosa. Para que isso aconteça é de fundamental importância que o aluno se dê conta de que estudar adequadamente só vai lhe trazer benefícios, tanto no presente quanto no futuro.
Sem estudar não será possível pleitear bons empregos. Se não estivermos bem posicionados profissionalmente é pouco provável que tenhamos o conforto que aspiramos para nossa vida pessoal. Ao não estudar fecham-se portas que nunca mais serão abertas. É melhor pensar nisso quando ainda estamos na escola para que não tenhamos que correr atrás do prejuízo quando formos adultos.
“Estudar exige um pouco de paciência, mas, além disso, muita força
de vontade. O estudante precisa dominar algumas técnicas para que
o aprendizado seja feito com o máximo de eficiência e o mínimo de
tempo. O tempo é um bem precioso, de valor incalculável. Seu uso
precisa ser planejado e muito bem utilizado”.
(101 Atitudes para o estudo inteligente)
Conheço casos de pessoas que tiveram várias oportunidades de estudar, de obter um diploma, de concluir cursos universitários e de, consequentemente, ter uma vida futura tranqüila. Como não aproveitaram suas chances, tiveram que perambular por empregos que não lhes davam benefícios como bons salários, estabilidade, férias, seguro-saúde,...
Tornaram-se funcionários desqualificados que poderiam ser dispensados a qualquer momento ou que teriam que se contentar com condições pouco adequadas de trabalho. Se a falta de qualificação pode ocasionar todos esses contratempos, imaginem então que freqüentar escolas, nos diversos níveis, e não aproveitar os estudos também tem efeitos colaterais.
Se concentrarmos nossas atenções apenas no mercado de trabalho veremos que as empresas contratam não apenas pessoas que possuem diplomas e especializações, mas principalmente aquelas que demonstram iniciativa, têm poder de concentração, são eficientes, mostram-se criativas, procuram sempre resolver os problemas que aparecem e que conseguem se entrosar bem com as equipes nas quais estão inseridas.
Essas habilidades e conhecimentos são adquiridos a partir da vida escolar dos estudantes desde os primeiros passos que são dados na educação infantil até a formação universitária. Dependem da presença e disponibilidade dos pais em auxiliar seus filhos. Tem relação direta com o empenho e o preparo dos professores que estiveram com esses estudantes. E, principalmente, compreendem um esforço permanente por parte dos próprios alunos.
“A primeira coisa a fazer antes de começar a estudar é organizar todos
os seus materiais. A organização é importante porque ajuda você a se
‘achar’ dentro do ambiente e espaço que você determinou para seus
momentos de estudo. Os livros, os cadernos, as canetas, os lápis, apontador,
borracha, régua e outros ‘equipamentos’ devem estar ao alcance
das mãos para facilitar sua produtividade na hora do estudo”.
(101 Atitudes para o estudo inteligente)
Quando digo que o estudo pode ser instigante quero dizer que se o professor souber cativar seus estudantes, desafiando-os para a construção de seus saberes e requisitando a participação efetiva deles em suas aulas criam-se elementos que conduzirão esses estudantes, necessariamente, para o conhecimento.
O estudo se torna um prazer para o estudante a partir do momento em que se criam condições de trabalho que permitam o bom desenvolvimento dessa atividade e também desde o instante em que o aluno compreenda como aquele conhecimento pode lhe ser útil em sua vida cotidiana. Se esses elementos não forem percebidos pelos pupilos é pouco provável que eles venham a se interessar pelo exercício do estudo.
O ritmo de trabalho e as especificidades do trabalho são muito particulares a cada estudante. Há, no entanto, uma série de hábitos, dicas e técnicas que podem facilitar o estudo. É esse o foco da obra 101 Atitudes para o estudo inteligente. Além dessas orientações de caráter prático, os autores também se preocuparam em elaborar uma lista de itens que podem auxiliar o estudante em sua busca de motivação nos estudos e ainda sugestões que permitam aos mesmos aprimorar-se nessa imprescindível atividade.
Há, evidentemente, alguns chavões ou lugares-comuns que se tornaram comuns nas recomendações que são dadas aos estudantes ou aos pais durante as reuniões bimestrais, como por exemplo:- Escolha o lugar mais apropriado para estudar, planeje o tempo de estudo, faça perguntas em aula para seus professores, mantenha sua agenda de compromissos atualizada, faça anotações organizadas das aulas...
“Muitos professores consideram a presença e a participação em sala de aula
relevante na hora de avaliar as notas finais. E como eles avaliam isto?
Normalmente pelo número de faltas e pela exposição que o aluno faz
de sua imagem em sala. As perguntas feitas normalmente mostram o
interesse e participação ativa do aluno em classe”.
(101 Atitudes para o estudo inteligente)
Mas, mesmo no caso das informações de uso corrente são dadas explicações que adicionam novos dados e dicas ao conhecimento dos professores, pais e também dos alunos para que melhorem o rendimento nos estudos. Além das informações que já são de conhecimento geral, os autores também apresentam outras práticas, relacionadas ao estudo, que ajudam (e muito) a enriquecer a preparação dos estudantes, como por exemplo: participar de eventos e debates; realizar pesquisas regulares nas bibliotecas para complementar informações; relacionar os assuntos estudados a outros trabalhados anteriormente; ler jornais e revistas com regularidade; buscar a eficiência nos estudos,...
101 Atitudes para o estudo inteligente é um livro bastante objetivo quanto a seus propósitos, tem linguagem ágil que permite leitura rápida e foi editorado como um autêntico manual do escoteiro destinado aos estudantes. Apresenta as orientações e convida todos os participantes da comunidade escolar a adotá-las. Se irão ou não usar esses conhecimentos é impossível prever, porém sabemos que é muito saudável cultivar tais hábitos e práticas... Esperamos apenas que as receitas do livro não sejam esquecidas e que, se possível, algumas delas venham a ser utilizadas mais frequentemente nas escolas brasileiras...
Prof. Dr. João Luiz de Almeida Machado
é articulista e membro da Academia Caçapavense de Letras
Um comentário:
O professor João Carlos, como sempre, nos trazendo belissimos e instrutivos artigos. Parabéns.
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