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Sem pompa e nada de glamour. Assim deverá ser a primeira comemoração de
aniversário de Marilda Maria Bertochi, 69, desde que ela deixou a elite
de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) para morar em um barraco num
terreno da família, alvo de disputa judicial.
Há oito meses morando no local, Marilda, de família tradicional rica, não consegue mais andar por problemas nos joelhos.Em novembro, ela disse que não sairia do terreno, mesmo tomando banho em
mangueira improvisada e recebendo doação de alimentos.
Desde então, a situação de Marilda só piorou. Ela contratou um pedreiro
para que fosse construído um cômodo com banheiro e cozinha, mas o rapaz,
segundo conta, se envolveu com uma mulher acolhida por Marilda em seu
barraco e começou a construir, no local, um cômodo para ele viver.
Na época em que foi notícia, Marilda diz ter sido procurada por dezenas
de conhecidos da alta sociedade --mas nenhum deles, de fato, a ajudou.
"Vieram aqui por curiosidade. Gosto de Ribeirão, mas nunca vi pessoas
tão mesquinhas", afirmou.
No ano passado, a casa onde Marilda morava com 30 cachorros foi demolida
por risco de desabamento. Ela foi morar em um flat de alto padrão da
irmã no Guarujá, mas voltou após uma briga.
Quando chegou, viu o terreno da casa sendo ocupado por usuários de
drogas e decidiu cuidar do local. "Antes, pensava em continuar em
Ribeirão. Mas, agora, quero ir embora daqui", disse ela, que sobrevive
com uma pensão do ex-marido, de R$ 1.000.
A entrada para o barraco está protegida com portão e placas de madeiras. Como companheiros, Marilda tem dois cachorros.
A situação atual nem de longe se parece com a que ela viveu até anos atrás.
"Eu gastava muito. Meu pai sempre se preocupou com isso. Mas sempre tive
tudo o que quis", afirmou Marilda, que fala quatro idiomas e morou em
um casarão na rua Lafaiete, no centro. "Se tive tudo o que quis por esforço do meu pai, não tenho motivos para reclamar hoje."
O aniversário de Marilda será este mês. Seu presente? Quer voltar a andar.
"Meu sonho era ser bailarina. Hoje, não consigo ficar em pé. Mas, se não
voltar a andar, me viro bem. O ruim é não ter ninguém por perto."!
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