Taiadablog: A Obsolescência Planejada da Revolução Industrial !!!

sexta-feira, 27 de abril de 2012

A Obsolescência Planejada da Revolução Industrial !!!





Este vídeo é longo, quase uma hora. Mas fundamental para que todos tenhamos uma ideia do que nos espera no futuro. E de como esse futuro foi traçado um século atrás, na Revolução Industrial. Trata, o documentário, de algo conhecido como Obsolescência Planejada. 

É um conceito autoexplicativo e simples de resumir em poucas palavras. Com o advento dos meios de produção em massa, cada vez mais produtos passaram a ser produzidos em menos tempo, e cada vez mais passou a ser necessário gente para consumi-los. Mas isso jamais funcionaria se os produtos fossem duráveis, tão duráveis a ponto de as pessoas não precisarem comprá-los mais. Sendo assim, o que fazer com a produção cada vez maior e mais rápida? Onde arrumar gente para comprar as coisas, se elas já teriam essas coisas?

A partir do caso de um rapaz em Barcelona que ficou puto quando sua impressora travou e ele descobriu que seria muito mais barato comprar outra do que mandar consertar, os autores do filme voltaram no tempo e chegaram a um sinistro conluio de fabricantes de lâmpadas no início do século passado que concluíram que se seus produtos fossem cada vez melhores — as lâmpadas durassem cada vez mais — estariam dando um tiro no pé. É uma lógica simples de compreender. 

Àquela altura, Philips, Osram e outras já eram capazes de fabricar lâmpadas que aguentavam 2.500 horas de funcionamento. E os caras decidiram estabelecer um novo limite de vida útil: mil horas e não se fala mais nisso. O acordo, conhecido como Phoebus, previa até multas para os fabricantes que desrespeitassem a norma. Precisavam que as lâmpadas queimassem mais rapidamente, para que as pessoas comprassem, comprassem e comprassem.

O documentário usa para ilustrar como os fabricantes foram filhos da puta o exemplo de uma atração turística da pequena cidade de Livermore, na Califórnia, onde uma lâmpada fabricada em 1901 e instalada no pequeno quartel do Corpo de Bombeiros continua acesa até hoje. Foi pauta de várias reportagens no ano passado, quando a tal lâmpada completou 110 anos de bons serviços.

O exemplo das lâmpadas foi seguido pela indústria em geral, e é assim até hoje. As coisas não podem durar muito, porque se durarem ninguém compra outras coisas e a economia trava. Dê uma olhada em volta. Quantos celulares você comprou nos últimos anos? E laptops? E monitores para seu computador? E TVs? Geladeiras? Máquinas de lavar roupas? Carros? Consumismo desenfreado é o que move o mundo. Não, não é novidade para ninguém. Mas nem sempre a gente pensa nisso.

Só que essa maluquice tem um preço. Os moradores de Agbogloshie, um subúrbio de Acra, capital de Gana, sabem bem qual é. Diariamente chegam ao país toneladas de sucata eletrônica em contêiners, que são jogados num imenso lixão tecnológico. As imagens são impressionantes

Os restos vêm do mundo inteiro. Dos países industrializados e desenvolvidos, descartados por consumidores enlouquecidos de tudo que aparece nos comerciais de TV, nas promoções das grandes lojas, na garagem do vizinho, na baia do colega de trabalho que troca de iPhone e de iPad a cada seis meses, de tudo que sai das esteiras movidas por engrenagens que a gente nem sabe mais onde começam a girar, mas que vão, claro, levar este planeta a um fim inglório.

Um dos entrevistados no vídeo acima defende uma revolução cultural, uma mudança de mentalidade, o “decrescimento”. Serge Latouche é seu nome, um filósofo e economista francês. Latouche prega um freio na loucura da superprodução, do superconsumo. “Liberar o tempo para desenvolver outras formas de riqueza, como a amizade e o conhecimento. Se a felicidade dependesse do nível de consumo, deveríamos ser absolutamente felizes”, ele diz.
Somos?

Latouche vai além, contrapondo o argumento de que tal revolução brecaria a economia e nos levaria de volta aos tempos do Homem de Neandertal. Decrescer, reduzir, não significaria voltar à Idade da Pedra. Usando a França como parâmetro, ele diz que viver numa terra razoavelmente sustentável, que produz mais ou menos o que é necessário para que as pessoas vivam bem e não gera toneladas de resíduos cujo destino, cedo ou tarde, será destruir o planeta, seria como viver naquilo que era seu país nos anos 60.

Os anos 60. Não por acaso, depois deles quase não se fez nada que preste no mundo nas artes, na música, na literatura, no design, na arquitetura, no cinema, na política… Passamos a nos preocupar com irrelevâncias, apenas. Somos um planeta cada vez mais irrelevante.

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