...“Eis aqui seu moço,
A estória que ouvi contá,
A razão porque nasce branca i roxa,
A frô do maracujá”.*
Aplausos, era o Sebastião, carismático declamador que o saudoso professor Edison elegia para nos ensinar a pureza da poesia.
Voltando às aulas: a aveludada voz da professora Sheila e as divertidas pesquisas de ciências; Tradução de “Monday, Monday” da professora de inglês e música Julieta; As batalhas de bolotas de papel nas aulas de história e francês da professora Célia, que mesmo sob o fogo cruzado da contagiante baderna conseguia nos ensinar as noções básicas da língua, letra e música da “Marseillaise”, além das biografias dos grandes mestres da música erudita.
Tinha os trabalhos em equipe pra nota, eu e o Mineirinho montávamos nossa maquete da “Invasão Holandesa” para a exposição anual, foi quando Kennedy foi assassinado em 1963, silêncio total, um choque. Um trabalho de história dentro da história.
Ninguém ousava dar um pio nas aulas de matemática do nosso querido e bem humorado professor Aloísio Barbosa, sempre elogiando a fragrância das jabuticabeiras, que na verdade era do mau cheiro dos banheiros que às vezes nos castigava. Ele brincava com a ideia de homenagear com bustos e honrarias os alunos que não estudavam, apenas contribuíam assiduamente com as mensalidades.
Uma vez voltando do recreio, na cantina onde tinha acabado de devorar os quitutes da D. Iracema, sempre com uma Grapette geladinha, entreguei o dever de casa, no qual havia plagiado com uma esperteza idiota um conto chamado “A Tempestade” **, que por sinal acabou desabando sobre minha própria cabeça. Desmascarado justo pela garota que estava flertando. A professora de português Glayds, enérgica e competente me expulsou da classe (que mico). Na diretoria, repreendido pelo professor Edison, fui perceber que o verdadeiro motivo da punição foi ter chamado a aluna de “puxa saco”, um palavrão na época.
Hoje dou aulas de perspectiva, graças à simpática atleta do vôlei, Diva Tibucheski, professora de educação física e arte. Com ela, estudávamos volumetria básica onde através da cartonagem adquiríamos noções espaciais confeccionando sólidos de cartolina, do simples cubo aos mais complexos. Finalmente, a inesquecível professora Leonídia, sempre empenhada em caridades, seja em asilos, creches ou flagelados, como os da tragédia de Caraguatatuba na época. Suas aulas de geografia eram uma delícia, principalmente quando com uma pitadinha de malícia, chamava pra apagar o quadro negro uma linda jovem que além de bem dotada anatomicamente, estava sempre de mini saia e um generoso decote. Dava pra ouvir os batimentos cardíacos dos marmanjos, até serem interrompidos bruscamente daquele devaneio erótico pela estridente campainha. Era fim da última aula que gostaríamos que nunca acabasse.
Fim de tarde, escurecendo, friosinho, antes de chegar na praça já se ouvia as baquetas tamborilando nas caixas, pífaros, o som abafado dos surdos e marciais. De repente, um trompete rasgava o céu roubando a cena de todos os outros sons, era o Dedão. Entre uma ou outra brecha de silêncio era possível ouvir de longe “It´s now or never” do Elvis, lá na caixa do Pierre. Enfim, era o ensaio da fanfarra, sob a batuta do Nicolau com os primeiros acordes do “Guarani” de Villa Lobos e a famosa “Marcha dos Granadeiros”, que conquistou troféus.
Ficávamos em torno da famosa jardineira, o “rato branco” como era chamada, onde a gente matava aula, namorava e dava as primeiras tragadas, já esquentando o motor pra levar de volta o pessoal de Jambeiro. E lá íamos também, uns namorando de mãozinha dada, outros olhando para o chão, fofocando ou combinando qualquer coisa, e assim vamos todos nós, pra sempre de volta pra casa.
* Catullo da Paixão Cearense -
A estória que ouvi contá,
A razão porque nasce branca i roxa,
A frô do maracujá”.*
Aplausos, era o Sebastião, carismático declamador que o saudoso professor Edison elegia para nos ensinar a pureza da poesia.
Voltando às aulas: a aveludada voz da professora Sheila e as divertidas pesquisas de ciências; Tradução de “Monday, Monday” da professora de inglês e música Julieta; As batalhas de bolotas de papel nas aulas de história e francês da professora Célia, que mesmo sob o fogo cruzado da contagiante baderna conseguia nos ensinar as noções básicas da língua, letra e música da “Marseillaise”, além das biografias dos grandes mestres da música erudita.
Tinha os trabalhos em equipe pra nota, eu e o Mineirinho montávamos nossa maquete da “Invasão Holandesa” para a exposição anual, foi quando Kennedy foi assassinado em 1963, silêncio total, um choque. Um trabalho de história dentro da história.
Ninguém ousava dar um pio nas aulas de matemática do nosso querido e bem humorado professor Aloísio Barbosa, sempre elogiando a fragrância das jabuticabeiras, que na verdade era do mau cheiro dos banheiros que às vezes nos castigava. Ele brincava com a ideia de homenagear com bustos e honrarias os alunos que não estudavam, apenas contribuíam assiduamente com as mensalidades.
Uma vez voltando do recreio, na cantina onde tinha acabado de devorar os quitutes da D. Iracema, sempre com uma Grapette geladinha, entreguei o dever de casa, no qual havia plagiado com uma esperteza idiota um conto chamado “A Tempestade” **, que por sinal acabou desabando sobre minha própria cabeça. Desmascarado justo pela garota que estava flertando. A professora de português Glayds, enérgica e competente me expulsou da classe (que mico). Na diretoria, repreendido pelo professor Edison, fui perceber que o verdadeiro motivo da punição foi ter chamado a aluna de “puxa saco”, um palavrão na época.
Hoje dou aulas de perspectiva, graças à simpática atleta do vôlei, Diva Tibucheski, professora de educação física e arte. Com ela, estudávamos volumetria básica onde através da cartonagem adquiríamos noções espaciais confeccionando sólidos de cartolina, do simples cubo aos mais complexos. Finalmente, a inesquecível professora Leonídia, sempre empenhada em caridades, seja em asilos, creches ou flagelados, como os da tragédia de Caraguatatuba na época. Suas aulas de geografia eram uma delícia, principalmente quando com uma pitadinha de malícia, chamava pra apagar o quadro negro uma linda jovem que além de bem dotada anatomicamente, estava sempre de mini saia e um generoso decote. Dava pra ouvir os batimentos cardíacos dos marmanjos, até serem interrompidos bruscamente daquele devaneio erótico pela estridente campainha. Era fim da última aula que gostaríamos que nunca acabasse.
Fim de tarde, escurecendo, friosinho, antes de chegar na praça já se ouvia as baquetas tamborilando nas caixas, pífaros, o som abafado dos surdos e marciais. De repente, um trompete rasgava o céu roubando a cena de todos os outros sons, era o Dedão. Entre uma ou outra brecha de silêncio era possível ouvir de longe “It´s now or never” do Elvis, lá na caixa do Pierre. Enfim, era o ensaio da fanfarra, sob a batuta do Nicolau com os primeiros acordes do “Guarani” de Villa Lobos e a famosa “Marcha dos Granadeiros”, que conquistou troféus.
Ficávamos em torno da famosa jardineira, o “rato branco” como era chamada, onde a gente matava aula, namorava e dava as primeiras tragadas, já esquentando o motor pra levar de volta o pessoal de Jambeiro. E lá íamos também, uns namorando de mãozinha dada, outros olhando para o chão, fofocando ou combinando qualquer coisa, e assim vamos todos nós, pra sempre de volta pra casa.
* Catullo da Paixão Cearense -
Crônica de Wagner Veiga
Um comentário:
Lembrei-me da GRANDE VITÓRIA, de nossa fanfarra, conquistando em definitivo (acho que fomos TRI) sobre a poderosa fanfarra do Estadão do Professor Raif.
Faltou citar Dona Zélia, Sr Antonio Pato, meus companheiros de turma,Sueli Meira, Ana Lúcia de Sá, Rita de Cássia, Admir e Amira, Dona cecília e Jorge Tadeu,Sueli Maria Pereira, Leny C de Carvalho, Waldenice Lobo, Ana Teresa C Ferraz, Mário Celso Vasconcelos, Núria F Trilha, Neide Lima, Heloisa Manetti, Terezinha Ovira, Marco Aurélio Andriolo (o SANTO), Reginaldo Nicolau, as Inseparáveis Maria Inês Vilela e Maria Célia Quinsan, Aureo Porto, Sheila Mara P Carvalho, os irmãos Nelson e Fátima Fontes (ainda continua fã do Ronnie Von) e a amiga Jurema C Brom, Francisco P V Neto, Luiz Antonio Moreira, (o grande LAM 1 segundo a Dona Leonídia), Lívia Zanetti, Eleni Taino, Benedito Silva (fã n 1 de Roberto Carlos, Márcia T Camargo, Mariolga Langbeck e Celso N Trevisoli (o filho do Pedrão do Armazem).
Agora são 22h, toca-se O SILÊNCIO, vamos para casa e deixemos a Praça da Bandeira com suas imensas recordações.
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