Taiadablog: O espantoso agente desconhecido !!!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O espantoso agente desconhecido !!!



É aparentemente bem modesta ainda a informação sobre o delegado Cláudio Guerra, protagonista do livro sensação da hora, Memórias de uma Guerra Suja sobre os crimes do governo militar contra a "luta armada" comunista do B.


Como é que, do nada, aparece um delegado, o Cláudio Guerra, que diz ter participado da morte de uma centena de comunistas, que o delegado Fleury não morreu afogado numa pescaria mas foi crime decidido pelos militares da ditadura, que havia forno crematório para assar terrorista comunista e mais o quê? Desconhecido? Vamos ver.


O homem não sai do noticiário faz muitos anos. Hoje evangélico, tem na sua atividade religiosa uma passagem leve, por crime sem pistolagem: desvio de dinheiro da igreja.

Mas no resto de sua folha corrida, não há nada sem pistola e tiro. Entre as condenações, pegou 18 anos pelo assassinato de Rosa Maria Cleto. O crime aconteceu em dezembro de 1980. A vítima foi encontrada morta em um lixão no bairro Itacibá, em Cariacica, com 19 tiros. A irmã dela, Glorinha, também foi assassinada com 11 tiros. Condenado depois de décadas, Cláudio Guerra sempre foi apontado como responsável pelos crimes.


Cláudio Guerra ainda possui várias outras acusações, como a de matar a colunista Maria Nilce, em 1989, em Vitória. Foi descoberto e publicado na imprensa que ele, então o delegado que comandava a investigação, mantinha em sua casa o pistoleiro que depois acabou condenado. Nessa estória sobrou ainda a morte de um outro policial, em Jacaraípe, Paulo César Gomes, o Cicatriz, por chá envenenado.


Outro caso que tomou o noticiário capixaba, publicado na Folha de Vitória no dia 26 de agosto de 2009, foi o habeas corpus em favor do Cláudio Guerra. "No recurso, o réu, que cumpre pena na Penitenciária de Seguraça Máxima I de Viana, pede transferência para o Instituto de Readaptação Social, em Vila Velha. Justificou o pedido alegando que vem recebendo ameaças de morte de outros internos da penitenciária. A defesa de Cláudio Guerra alega ainda que estaria sendo articulada uma rebelião de presos para matá-lo e também os demais policiais presos na Penitenciária."


No cenário nacional, Cláudio Guerra foi o protagonista de reportagem da revista Isto é. "No final da tarde da segunda-feira, o chefe da Procuradoria da República no Espírito Santo, Ronaldo de Meira Vasconcelos Albo, participava de uma reunião (...) quando recebeu um telefonema estranhíssimo. Do outro lado da linha, o advogado Dório Antunes tinha uma notícia urgente. “Estou falando do gabinete do ministro da Defesa (de FHC) e quero lhe informar que uma pessoa contou ao delegado Cláudio Guerra que foi contratada por R$ 60 mil para matar o delegado Vicente Badenes. Nós não gostamos do Badenes, mas, se ele morrer agora, o ministro está acabado.”


"Dório acrescentou que sabia quem era o pistoleiro contratado, mas se negou a revelar seu nome. Um bina, aparelho que identifica a origem das ligações, confirmou a procedência da chamada."


(...) "Nas prateleiras do fórum estavam guardados vários processos sobre o crime organizado no Estado. Um deles é a apuração do assassinato em julho do ano passado de João Luiz da Silva, indiciado pela Polícia Federal na Operação Marselha que desmantelou uma quadrilha chefiada por Cláudio Guerra que roubava carros no Rio de Janeiro e no Espírito Santo para trocá-los por cocaína na Bolívia."


Outro, entre tantos registros de imprensa do "desconhecido" Cláudio Guerra, vem de matéria do jornalista Rogério Medeiros no ano de 2000, no Século Diário, publicação que sempre acompanhou a “carreira” do baita.


"Foi quando estava à frente daquele grupo que Cláudio Guerra tomou de assalto a cidade de Iúna, no oeste capixaba, onde reinava a família Venâncio, uma das mais importantes do município.


Um dos filhos desta família, Diamantino Venâncio, se envolvera com ladrões e certo dia apareceu morto dentro de seu carro, onde a polícia achou anotações dando conta das atividades da quadrilha no Espírito Santo. A partir destas informações, o GOE entrou no circuito e a primeira providência do delegado Cláudio Guerra foi retardar a liberação do corpo no IML. Assim ganhou tempo para armar a operação. No dia do velório de Diamantino, entrou na cidade de surpresa e prendeu vários membros da quadrilha, trazendo de volta nada menos de vinte carros roubados".


(...) Outro caso polêmico na vida profissional do ex-delegado foi o assassinato do trabalhador braçal João Alves, ocorrido em dezembro de 1981. João da Matilde, como era conhecido o braçal, havia sido acusado do roubo de uma pistola de um delegado federal e acabou sendo preso por agentes federais, que o levaram para a Segurança Patrimonial, na Superintendência de Polícia Civil, onde foi fotografado pelos plantonistas dos jornais.

João da Matilde entrou caminhando cabisbaixo escoltado por alguns agentes e horas depois seu corpo inerte estava estirado a um canto da delegacia, morto por espancamento.

Cláudio Guerra, que estava em horário de almoço quando aconteceu o assassinato, tratou de eximir de qualquer participação no ocorrido e, como primeira providência, autuou em flagrante os policiais que estavam em sua delegacia. Depois incluiu o delegado federal que havia capturado João e mais outros dois agentes, o que lhe valeu uma guerra de muitos anos com o pessoal da Federal."


A propósito, foram agentes federais que o prenderam no Rio de Janeiro transportando armas sem a devida documentação. Muito embora Cláudio Guerra tenha alegado que aquelas armas haviam sido apreendidas com "subversivos", não escapou da condenação que acabou por afastá-lo da Polícia Civil."


Cláudio Guerra. Este é o "desconhecido" delegado que na condição de protagonista do livro "Memórias de uma Guerra Suja", em depoimento a dois jornalistas que foram perseguidos pela ditadura, como dizem, vai mudar o rumo da história da “luta armada” da tupiniquéia.

Desconhecido inclusive de todas as organizações de direitos humanos que vêm caçando os agentes do governo envolvidos em crimes da ditadura. Vai seguir por aí, o trabalho da “comissão da verdade”. A destacar essa espantosa folha corrida do "desconhecido" Cláudio Guerra, fica a interessante questão: quantos cláudios guerras temos por aí?

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