Dizem que a morte é como uma ponte ou uma travessia. Saímos do mundo dos vivos e passamos para uma outra dimensão ao realizar esta jornada.
Há também aqueles que a descrevem como o descanso eterno. Depois de cumprir os anos de vida que tínhamos pela frente, nossos corpos se tornam inertes, nossa alma migra e entramos numa outra realidade em que trocamos as certezas e incertezas do universo material pela paz e harmonia celestial.
Não são poucos igualmente que pensam a morte como o fim, aquele em que se sacramenta para os homens o seu definitivo adeus, a sua inexistência.
Outra possibilidade pensada pelos homens é a de que nossos espíritos partem mas retornam, para compor outras existências, sem que saibam o que viveram antes, reencarnando como novos seres e tendo oportunidade de experimentar novas sensações e experiências, em busca de serem melhores do que conseguiram em suas prévias passagens por aqui.
O abraço de Deus é outra visão daquilo que representa o falecimento. O céu estabelecido entre as nuvens nos espera, ao menos aqueles que procuraram viver de forma digna, honesta, como homens que praticaram o bem em relação a seus semelhantes.
Quem partilha desta visão de paraíso pensa também que a contrapartida, aquela em que o anjo caído reina, a porta para o inferno, a danação eterna, é também um dos destinos possíveis para quem cruza a ponte entre a vida e a morte.
A morte, a despeito de todas estas possibilidades descritas pelos homens é visita indesejada. Causa dor e depressão, muitas vezes vem repentina, outras tantas se anuncia no horizonte e faz com que as pessoas padeçam, sofram, fiquem enfermas.
Ainda que por aqui por vezes nossos infortúnios nos façam descrentes, infelizes ou insatisfeitos, há tantas outras ocasiões em que nos realizamos, em que a felicidade bate as nossas portas, em que a paz se estabelece e o amor triunfa.
Por isso mesmo, quando a morte chega, ninguém a recebe sereno. Sua visita é turbulenta. Sua passagem é só tristeza.
Quando a jornada se anuncia ou a ponte desta travessia está no horizonte, o que fica para nós senão o carinho da família, o amor correspondido, as amizades a toda prova?
Quando a morte chegar, ficamos tristes, é certo, mas qual seja a história desta jornada aquela que realmente teremos pela frente, que perdurem as memórias de toda a felicidade que por aqui deixou quem partiu...
Prof. Dr. João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letras
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