Taiadablog: As escolas particulares brasileiras são boas ???

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

As escolas particulares brasileiras são boas ???

No Enem 2008, as escolas privadas atingiram a média de 56 pontos, em uma escala que vai até 100. Ou seja, mesmo nessas escolas os alunos dominam pouco mais da metade das habilidades que deveriam. Se olharmos para o Pisa, o teste internacional de educação mais respeitado do mundo, que mede o aprendizado de jovens de 15 anos, os problemas são parecidos. O desempenho em leitura dos 25% dos alunos brasileiros mais ricos é inferior ao desempenho do aluno médio dos países desenvolvidos e é também inferior ao dos 25% mais pobres de lugares como Coréia do Sul, Finlândia, Hong Kong e Xangai.Se compararmos o desempenho dos 10% mais ricos do Brasil com o dos 10% mais ricos dos países desenvolvidos, a diferença que nos separa é equivalente a quase um ano de escolaridade. [Você acha que as escolas particulares brasileiras são boas? Artigo de Gustavo Ioschpe, publicado na Revista Veja ed. 2234, de 14 de setembro de 2011]

A pergunta que abre esta reflexão é muito mais que um questionamento. Traz embutida em si a dúvida quanto a qualidade do ensino no Brasil tanto na instância privada quanto na pública. Pois se os resultados internos demonstram existir uma considerável diferença entre as escolas particulares e as públicas nacionais, os resultados obtidos pelas melhores escolas do país nos testes internacionais, intituições educadionais estas que são privadas, demonstra que estamos realmente com atrasos consideráveis a atravancar o desenvolvimento econômico, político e social da nação.

A média do Enem 2008, ratificada pela publicação do desempenho no exame de 2010, publicado logo após as considerações realizadas no texto de Gustavo Ioschpe, abaixo dos 60% de aproveitamento mesmo entre as escolas privadas, demonstra que estamos fazendo pouco e errando muito.

Exagero? Não. Seria exagerada a afirmação se depois das avaliações internas e externas realizadas nos últimos anos as medidas tomadas pelos responsáveis pela educação nos fizessem ver uma luz no fim do túnel. Esta luz ainda não apareceu e a escuridão é o que nos cerca.

Temos uma carência aferida pelo próprio MEC de aproximadamente 40 mil professores para o ensino médio, em especial para matérias como matemática, física e química.

Cerca de 40 mil docentes brasileiros que estão lecionando em nossas escolas não tem formação universitária.

 
Enquanto nos países desenvolvidos a média de horas de estudo diária em sala de aula é de aproximadamente 6 horas, no Brasil é de 4 horas.

Os alunos brasileiros com bom nível de leitura no país chegam a aproximadamente 23%, contra 58% nos países de melhor desempenho nos rankings internacionais.

E o pior é que os resultados do ENEM não dão a radiografia completa do que ocorre em nosso Ensino Médio pois há escolas que, cientes da importância que a sociedade tem dado aos dados do ENEM para a venda de seus serviços, não convocam todos os seus alunos para fazer a prova, apenas os melhores.

Ou ainda, como repercussão do ENEM e de outras avaliações surgidas para medir o buraco educacional brasileiro comparativamente com o resto do mundo, há escolas que iniciaram processos de seleção para suas salas de aula, buscando alunos de rendimento superior a média para compor resultados melhores ao final destas provas.

"Resolve" para as escolas que tomam estas medidas, mas os dados ficam incompletos, não dando o quadro completo. É como se num exame médico de rotina, para evitar a completa informação sobre o grave estado do paciente os médicos responsáveis não requisitassem alguns procedimentos essenciais como os exames de sangue, por exemplo. 

Outra preocupação evidente surgida destes dados bate mais diretamente na formação dos profissionais de ensino, com cursos universitários que deixam a desejar quanto a sua capacitação, seja em pedagogia ou nas licenciaturas, com pouca leitura, profundidade e estudo da realidade das salas de aula, além é claro de não dar subsídios culturais adicionais aos elementos de formação destes profissionais.

É preciso rever as políticas públicas educacionais brasileiras de olho nos investimentos realizados, tomando medidas práticas como: 

- Aumentar os valores revertidos para as salas de aula (cerca de 5% do PIB nacional, passando para pelo menos 7%); 

- Realizar uma fiscalização austera e honesta deste dinheiro levado para as escolas (como está sendo utilizado? Estipulando critérios e destinos. Descentralizando a administração destes recursos);

- Compor, propor e realizar melhorias evidentes nos cursos de pedagogia e licenciaturas (que tal estabelecer testes como o da OAB e de outras categorias profissionais para avalizar a participação dos novos docentes, depois da implementação das mudanças curriculares nos cursos superiores da área, nas escolas nacionais?); 

- Estabelecer as bases de um pacto nacional em prol da educação em que governos e sindicatos deixem de lado antigas rixas e trabalhem em prol de maior qualidade em nossas escolas ao invés de focarem interesses específicos;

- Aumentar a carga horária de nossas escolas e rever os currículos nacionais;

- Focar mais na qualidade da aprendizagem que na quantidade de informações trabalhadas em sala de aula, buscando a real compreensão dos conceitos e ideias trabalhadas que no total de páginas e exercícios realizados sem que o aluno entenda porque trabalhou tudo aquilo...

- Fazer com que a escola tenha um vínculo maior com a realidade social, política e econômica em que está inserida;

- Propor e realizar uma educação muito mais vinculada com as ações culturais de seu entorno, com visitas regulares a bibliotecas, museus, cinemas, teatros, apresentações musicais, mostras de arte...

Para que tudo isso ocorra, é igualmente de fundamental importância um maior envolvimento das famílias, da comunidade, ou seja, da sociedade civil como um todo na cobrança rigorosa destas melhorias e de outras de igual viés, ou seja, que busquem uma educação no Brasil que se nivele com a dos países mais desenvolvidos na área. As repercussões sociais, econômicas e políticas irão ocasionar um país que certamente ser firmará como uma das maiores nações do mundo. A superação das mazelas educacionais é o passaporte para um amanhã muito melhor e mais próspero para o país.

Mais que planos, precisamos de ações, de vontade política, de envolvimento das famílias, de cobrança e fiscalização, de pesquisas e projetos e, acima de tudo, de uma reversão do quadro em que a educação nacional, pública e privada se encontra, e estas alterações não são para um futuro próximo, é tudo para ontem... Não podemos mais sacrificar as gerações atuais com planos mirabolantes e milagrosos que tanto prometem e pouco ou nada realizam de fato para esta educação de qualidade que tanto almejamos. É preciso mais que sonhos, que eles de fato se tornem realidade!

Prof. Dr. João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letras

Um comentário:

HOMEM NUCLEAR disse...

Acho que o problema não esta so nas escolas publicas, pois podem fazer as melhores escolas para se estudar. O problema mesmo esta dento de casa, enquanto os PAIS não educarem seus filhos a obedecerm os seus professores, as escolas publicas sempre serão ruins.
Não adianta, tem muitos putas que se dizem mãe, que coloca suas pestes no mundo e depois não sabe cria-los e nem educa-los e deixa eles soltinho no mundo aprendendo na rua o que não presta, essas putas acham que coloca eles na escola, a escola será obrigado a educar seus futuros bandidinhos.
Enquanto essas vagabundinhas não aprenderem a usar camisinha na hora de uma transa, elas soltarão no mundo mais bandidos para serem criados pelas ruas.
EDUCAÇÃO SE APRENDE EM CASA!