
Dono de língua dotada de ignição instantânea, Ciro vai se tornando um colecionador de condenações judiciais.
Na penúltima, de 8 de agosto, o juiz Marcos Roberto de Souza Bernicchi, da 5a Vara Cível de São Paulo, sentenciou-o a indenizar Fernando Collor em R$ 100 mil.
Por quê? Numa entrevista de 1999, Ciro dissera que, na sucessão de 1989, Lula deveria ter chamado Collor de "playboy safado" e "cheirador de cocaína".
Collor, que se apresentava na Presidência como um sujeito com “aquilo roxo”, foi aos tribunais. Ao decidir a querela, o juiz Marcos Bernicchi anotou:
"O fato, incontroverso, é apenas um: o autor [Collor] teve exposta sua honra em razão de declaração do réu que lhe imputou a pecha de cheirador de cocaína e safado."
Se adotar a mesma reação de 2007, quando foi condenado em ação movida por José Serra, Ciro deve recorrer. No caso do “Coiso”, como Ciro gosta de chamar Serra, o processo foi motivado por declaração feita numa entrevista de 2002.
Então filiado ao PPS, Ciro preparava-se para disputar o Planalto. Instado a comentar a perspectiva de defrontar-se com Serra, candidato do PSDB, ele pespegou:
“Meu adversário é o candidato dos grandes negócios e das negociatas, da manipulação despudorada do espaço público, do dinheiro público para fins eleitorais.”
No julgamento de primeira instância, em 2005, Ciro foi absolvido. Serra recorreu. E o Tribunal de Justiça de São Paulo refomou a decisão. Condenou-se Ciro foi a pagar a Serra 100 salários mínimos. Coisa de R$ 54,4 mil em valores de hoje. O condenado arrostou até o bloqueio da conta bancária.
Tomado pela língua, Ciro é um político enganchado à dúvida. Autoritário ou enérgico? Arrogante ou determinado? Imprudente ou corajoso? Considerando-se as sentenças, o Judiciário parece tentado a concluir que as primeiras alternativas é que são as verdadeiras.
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