Como os ataques terroristas de 11 de setembro mudaram o mundo e se refletem até hoje na geopolítica, na economia e no cotidiano
Após 10 anos muita gente ainda não acredita na versão oficial sobre os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. Confira, em vídeo, trechos dos acontecimentos, num documentário da Globo Television :
A tragédia culminou na morte de 2.753 pessoas de 70 nacionalidades
O mundo jamais foi o mesmo. Desde que 19 sequestradores assumiram o controle de quatro aviões de passageiros em pleno voo e desfecharam o maior ataque terrorista da história, mudanças radicais afetaram o planeta – da geopolítica às relações pessoais. A tragédia americana, que culminou na morte de 2.753 pessoas de 70 nacionalidades, provocou guerras, derrubou governos, abalou a economia, afetou valores humanos, estimulou a intolerância e trouxe ao cotidiano do século XXI um sentimento primitivo – o medo. Dez anos depois do 11 de setembro, apenas em Nova York dez mil pessoas expostas aos ataques ainda buscam tratamento para superar o trauma. No resto do mundo, milhões continuam afetados pelas transformações desencadeadas pelos atentados. Dos quatro voos de passageiros tomados pelos terroristas, dois atingiram as Torres Gêmeas do Word Trade Center, em Nova York. Acuadas pelo fogo e pela fumaça, cerca de 200 pessoas pularam dos andares mais altos antes de os prédios desmoronarem. Um terceiro avião foi arremessado contra o prédio do Pentágono, em Washington. O quarto caiu nos arredores de Shankville, na Pensilvânia, depois que um grupo de passageiros tentou reassumir o comando do avião.
O Marco Zero, como é conhecida a área ocupada pelo antigo World Trade Center, ainda fumegava quando uma ofensiva militar americana, com o apoio de tropas do Reino Unido, do Canadá e da Austrália, foi lançada contra o Afeganistão. Governado pelo regime fundamentalista do talibã, o país dava abrigo ao líder do grupo terrorista Al-Qaeda, o saudita Osama bin Laden, responsável pelos ataques que acabaram com o sentimento americano de invulnerabilidade. Os radicais islâmicos foram derrubados do poder, mas até hoje os combates continuam. Minas e bombas caseiras espalhadas por insurgentes também ameaçam as tropas internacionais estacionadas no país. Só no primeiro semestre deste ano, 1,5 mil civis morreram no conflito. No mesmo período, as baixas militares somaram 418 estrangeiros, 306 dos Estados Unidos. Embora esteja em andamento um plano de desocupação do país, o conturbado cenário afegão não permite nenhum prognóstico positivo a curto prazo.
No Iraque, os Estados Unidos e seus aliados entraram em atoleiro similar 18 meses depois dos ataques. O argumento para invadir o país e derrubar o ditador Saddam Hussein foi a informação de que os iraquianos possuíam armas de destruiçãoem massa. Consumada a ocupação, que ainda hoje envolve a presença de 47 mil militares americanos, descobriu-se que Saddam não tinha nenhuma arma química. Naquela altura, ele já havia sido capturado, submetido a julgamento e enforcado. As acusações contra Saddam envolveram até o massacre de iraquianos xiitas, mas as violações dos direitos humanos na região não terminaram com a derrubada do regime. As denúncias de abusos contra suspeitos de terrorismo foram evidenciadas ao mundo em 2004, por meio de fotografias nas quais presos de Abu Ghraib eram humilhados e torturados por militares americanos.
O Marco Zero, como é conhecida a área ocupada pelo antigo World Trade Center, ainda fumegava quando uma ofensiva militar americana, com o apoio de tropas do Reino Unido, do Canadá e da Austrália, foi lançada contra o Afeganistão. Governado pelo regime fundamentalista do talibã, o país dava abrigo ao líder do grupo terrorista Al-Qaeda, o saudita Osama bin Laden, responsável pelos ataques que acabaram com o sentimento americano de invulnerabilidade. Os radicais islâmicos foram derrubados do poder, mas até hoje os combates continuam. Minas e bombas caseiras espalhadas por insurgentes também ameaçam as tropas internacionais estacionadas no país. Só no primeiro semestre deste ano, 1,5 mil civis morreram no conflito. No mesmo período, as baixas militares somaram 418 estrangeiros, 306 dos Estados Unidos. Embora esteja em andamento um plano de desocupação do país, o conturbado cenário afegão não permite nenhum prognóstico positivo a curto prazo.
No Iraque, os Estados Unidos e seus aliados entraram em atoleiro similar 18 meses depois dos ataques. O argumento para invadir o país e derrubar o ditador Saddam Hussein foi a informação de que os iraquianos possuíam armas de destruição
A chamada guerra ao terror e o desprezo pelos direitos individuais inclui também a prisão americana de Guantánamo, incrustada na ilha de Cuba, para onde foram os primeiros prisioneiros em 2002, capturados no Afeganistão. No âmbito interno, os próprios americanos tiveram a privacidade ameaçada, com base no Patriot Act, a lei que aumentou os poderes do Estado para combater o terrorismo. Assinada pelo então presidente George W. Bush 45 dias após os ataques terroristas, a lei permite o monitoramento de cidadãos suspeitos de terrorismo sem autorização judicial, assim como a invasão de residências, e abriu caminho para o uso de “métodos persuasivos” de interrogatório. Não foi suficiente, no entanto, para impedir que um carro-bomba fosse deixado em plena Times Square , em Nova York , numa noite de sábado do ano passado. O artefato falhou e a polícia só tomou conhecimento do potencial risco após ser alertada por um camelô, que viu fumaça saindo do veículo.
As falhas dos serviços de inteligência americanos vêm de longa data. Logo após os ataques, o governo Bush promoveu uma ampla reestruturação desses serviços na tentativa de melhorar a comunicação entre eles. Um dos fatores que teriam impedido os Estados Unidos de frustrar os atentados de 11 de setembro foi justamente a falta de diálogo entre a CIA, a agência de inteligência do país, e o FBI, a polícia federal americana. “O 11 de setembro mudou a percepção de nossas vulnerabilidades”, disse à época o então vice-presidente Dick Cheney, um dos homens mais poderosos do governo. “Mudou o tipo de estratégia de segurança nacional.”
Cheney acaba de se alinhar à extensa relação de autores lançando obras nos dez anos do 11 de setembro. No livro, “In my Time: a Personal and Political Memoir” (Em minha Época: Memórias Pessoais e Políticas), o ex-vice-presidente defende os métodos de interrogatório adotados na guerra ao terror, incluindo o “waterboarding”, técnica de simulação de afogamento. Sua defesa pública de um método tão controverso é mais um reflexo das mudanças ocorridas na última década. A repressão violenta do terrorismo vem dizimando o núcleo duro da Al-Qaeda, mas atentados inspirados no ataques no território americano continuaram acontecendo, a partir de células terroristas autônomas. Foi assim nos atentados em série à rede de transportes de Madri, em março de 2004, e de Londres, em julho do ano seguinte. Em contrapartida, a caçada a Osama bin Laden durou quase dez anos. Só terminou no começo de maio, quando homens do Seal Team, uma unidade especial da Marinha americana, entraram no espaço aéreo do Paquistão, invadiram o esconderijo do líder da Al-Qaeda e saíram de lá com o corpo, que teria sido jogado no mar.
As falhas dos serviços de inteligência americanos vêm de longa data. Logo após os ataques, o governo Bush promoveu uma ampla reestruturação desses serviços na tentativa de melhorar a comunicação entre eles. Um dos fatores que teriam impedido os Estados Unidos de frustrar os atentados de 11 de setembro foi justamente a falta de diálogo entre a CIA, a agência de inteligência do país, e o FBI, a polícia federal americana. “O 11 de setembro mudou a percepção de nossas vulnerabilidades”, disse à época o então vice-presidente Dick Cheney, um dos homens mais poderosos do governo. “Mudou o tipo de estratégia de segurança nacional.”
Cheney acaba de se alinhar à extensa relação de autores lançando obras nos dez anos do 11 de setembro. No livro, “In my Time: a Personal and Political Memoir” (Em minha Época: Memórias Pessoais e Políticas), o ex-vice-presidente defende os métodos de interrogatório adotados na guerra ao terror, incluindo o “waterboarding”, técnica de simulação de afogamento. Sua defesa pública de um método tão controverso é mais um reflexo das mudanças ocorridas na última década. A repressão violenta do terrorismo vem dizimando o núcleo duro da Al-Qaeda, mas atentados inspirados no ataques no território americano continuaram acontecendo, a partir de células terroristas autônomas. Foi assim nos atentados em série à rede de transportes de Madri, em março de 2004, e de Londres, em julho do ano seguinte. Em contrapartida, a caçada a Osama bin Laden durou quase dez anos. Só terminou no começo de maio, quando homens do Seal Team, uma unidade especial da Marinha americana, entraram no espaço aéreo do Paquistão, invadiram o esconderijo do líder da Al-Qaeda e saíram de lá com o corpo, que teria sido jogado no mar.
A poeira tóxica ainda afeta a saúde dos que escaparam da tragédia
O ex-presidente Bush jantava com a mulher, Laura, num restaurante de Dallas, no Texas, quando foi informado da morte de Bin Laden pela Casa Branca. Em documentário recém-exibido pela National Geographic, Bush diz que recebeu a notícia “sem grande alegria ou júbilo”, ao contrário dos milhares de pessoas que comemoraram em Times Square e diante das obras do novo World Trade Center. Para Bush, foi como “fechar um capítulo”. A etapa encerrada com a morte do líder da Al-Qaeda, porém, está inserida em um contexto de profundas transformações em todo o mundo. Os ataques de 11 de setembro e o combate ao terror desencadeado pelos Estados Unidos em seguida estão inclusive na base da crise econômica mundial que estourou em 2008 e ainda causa turbulências. Os investimentos bilionários no setor bélico, associados à política americana de baixar os juros, incentivar o consumo e flexibilizar a regulação do sistema financeiro, abalaram a maior economia do mundo. Não demorou para que os efeitos da crise se espalhassem pelo mundo.
O mais visível reflexo do 11 de setembro, porém, ocorre nos aeroportos. Medidas extraordinárias de segurança foram adotadas de imediato pelos Estados Unidos. Afinal, armados com estiletes e objetos cortantes, 19 terroristas não enfrentaram dificuldades para embarcar nos aviões que depois sequestrariam. Atualmente, embarcar em qualquer voo, em praticamente qualquer aeroporto, implica se submeter a uma série de procedimentos, incluindo tirar os sapatos e não carregar nem a tesourinha de unha na bagagem de mão. Alguns aeroportos europeus e americanos também adotaram scanners corporais, alvo de críticas por permitirem a visão do corpo do passageiro debaixo das roupas.
Com o país ainda mergulhado em profunda crise econômica, o presidente Barack Obama pediu recentemente aos americanos que retomassem o espírito de união em vigor nos meses seguintes aos ataques. “Essa pode ser uma virtude duradoura”, disse Obama. O sentimento, no entanto, excluiu parte da população, segundo líderes da comunidade muçulmana dos Estados Unidos, que engloba dois milhões de pessoas. Eles não param de reclamar do discurso anti-islã que começa a permear a campanha pela sucessão de Obama. O projeto Park 51, que prevê a criação de uma mesquita a apenas dois quarteirões do World Trade Center, é também constante alvo de protestos. Por outro lado, embora tenham passado dez anos, as marcas dos ataques estão muito presentes. Das 2.753 vítimas, apenas 1.629 foram identificadas, a última delas no dia 9 de agosto. Moradores do entorno do World Trade Center continuam a sofrer os efeitos da poeira tóxica que inalaram com o desabamento das Torres Gêmeas. Na semana passada, aliás, o governo americano ampliou o raio de abrangência daqueles com direito a receber compensação financeira por terem a saúde abalada. Poucos dias antes, a passagem do furacão Irene por Nova York trouxe de volta o sentimento de insegurança e de medo experimentado de forma brutal há dez anos.
O mais visível reflexo do 11 de setembro, porém, ocorre nos aeroportos. Medidas extraordinárias de segurança foram adotadas de imediato pelos Estados Unidos. Afinal, armados com estiletes e objetos cortantes, 19 terroristas não enfrentaram dificuldades para embarcar nos aviões que depois sequestrariam. Atualmente, embarcar em qualquer voo, em praticamente qualquer aeroporto, implica se submeter a uma série de procedimentos, incluindo tirar os sapatos e não carregar nem a tesourinha de unha na bagagem de mão. Alguns aeroportos europeus e americanos também adotaram scanners corporais, alvo de críticas por permitirem a visão do corpo do passageiro debaixo das roupas.
Com o país ainda mergulhado em profunda crise econômica, o presidente Barack Obama pediu recentemente aos americanos que retomassem o espírito de união em vigor nos meses seguintes aos ataques. “Essa pode ser uma virtude duradoura”, disse Obama. O sentimento, no entanto, excluiu parte da população, segundo líderes da comunidade muçulmana dos Estados Unidos, que engloba dois milhões de pessoas. Eles não param de reclamar do discurso anti-islã que começa a permear a campanha pela sucessão de Obama. O projeto Park 51, que prevê a criação de uma mesquita a apenas dois quarteirões do World Trade Center, é também constante alvo de protestos. Por outro lado, embora tenham passado dez anos, as marcas dos ataques estão muito presentes. Das 2.753 vítimas, apenas 1.629 foram identificadas, a última delas no dia 9 de agosto. Moradores do entorno do World Trade Center continuam a sofrer os efeitos da poeira tóxica que inalaram com o desabamento das Torres Gêmeas. Na semana passada, aliás, o governo americano ampliou o raio de abrangência daqueles com direito a receber compensação financeira por terem a saúde abalada. Poucos dias antes, a passagem do furacão Irene por Nova York trouxe de volta o sentimento de insegurança e de medo experimentado de forma brutal há dez anos.
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