Natal
O Natal é mágico,
pede celebrações, festas, reuniões.
Tira as pessoas do formalismo cru
e restitui o homem para suas origens,
bem próximo de sua nudez original.
O homem se aproxima do homem,
torna-se mais criança,
sonha com ilusões sem freios.
No Natal há mais alegrias e sorrisos,
com almas mais generosas,
corações mais amorosos, mais felizes.
Todos procuram retirar de dezembro
a magia que o Natal nos traz.
A Gente da Serra
Traços traçam
o retrato pacato
da gente da serra.
O amarelo do tempo
revela em sua janela
seu jeito de tranquilizar
de olhar fundo as montanhas,
de levantar cedo,
pisar a geada,
correr atrás do gado,
ganhar o campo.
Traços traçam
homens fortes
misto de mistério,
calados, lendários,
amigos solidários.
Guardam no paiol
alimentos para o corpo,
na canastra,
a vasta experiência
que alastra.
Quantos sóis
resistem mais,
quantas léguas
andam mais!
Traços traçam
homens
amparados
por montanhas
em todos
os lados...
Antologia Poética 2002
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP e
Poema do livro Do Outro Lado da Montanha
JAC Editora, 2010
O Natal é mágico,
pede celebrações, festas, reuniões.
Tira as pessoas do formalismo cru
e restitui o homem para suas origens,
bem próximo de sua nudez original.
O homem se aproxima do homem,
torna-se mais criança,
sonha com ilusões sem freios.
No Natal há mais alegrias e sorrisos,
com almas mais generosas,
corações mais amorosos, mais felizes.
Todos procuram retirar de dezembro
a magia que o Natal nos traz.
A Gente da Serra
Traços traçam
o retrato pacato
da gente da serra.
O amarelo do tempo
revela em sua janela
seu jeito de tranquilizar
de olhar fundo as montanhas,
de levantar cedo,
pisar a geada,
correr atrás do gado,
ganhar o campo.
Traços traçam
homens fortes
misto de mistério,
calados, lendários,
amigos solidários.
Guardam no paiol
alimentos para o corpo,
na canastra,
a vasta experiência
que alastra.
Quantos sóis
resistem mais,
quantas léguas
andam mais!
Traços traçam
homens
amparados
por montanhas
em todos
os lados...
Antologia Poética 2002
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP e
Poema do livro Do Outro Lado da Montanha
JAC Editora, 2010
Metamorfose
Eu sei tudo sobre você.
Seu colete à prova de timidez
é de retalhos que eu costurei.
Sei de sua ternura escondida,
que vive amarrada com trapos
lá no fundo do seu coração,
esperando a ordem para ser solta.
Sei de sua vontade de ser outro,
que vive encerrada e camuflada
pelos altos muros de sua fortaleza,
pelo soberbo orgulho de sua incerteza.
Sei de seu arrependimento,
da hora que você suspira,
da hora que você conspira,
do seu medo do sofrimento,
das sombrias florestas que atravessa
em busca daquilo que mais preza.
IV Concurso Nacional de Poesias - Projeto Via Verso - Edição 1996
Prefeitura Municipal de Ourinhos - SP
Eu sei tudo sobre você.
Seu colete à prova de timidez
é de retalhos que eu costurei.
Sei de sua ternura escondida,
que vive amarrada com trapos
lá no fundo do seu coração,
esperando a ordem para ser solta.
Sei de sua vontade de ser outro,
que vive encerrada e camuflada
pelos altos muros de sua fortaleza,
pelo soberbo orgulho de sua incerteza.
Sei de seu arrependimento,
da hora que você suspira,
da hora que você conspira,
do seu medo do sofrimento,
das sombrias florestas que atravessa
em busca daquilo que mais preza.
IV Concurso Nacional de Poesias - Projeto Via Verso - Edição 1996
Prefeitura Municipal de Ourinhos - SP
Saudade Menina
Se não fosse a esperança,
eu não continuaria a resistir
em busca da paz que preciso.
Não sei de onde vem esta coragem,
s tenho corpo tão frágil
e choro pelos desamores do mundo.
Ah, como sonho com a paz primeira!
Quero de novo a minha cama de menina,
com colchão de palha de milho,
com acolchoado de lã de carneiro.
Quero beber o leite da cabra Eduvirges,
na minha casa da chácara,
no meu quintal cheio de frutas
e meus dez anos de idade.
Antologia Poética 1999
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP
Meia Idade
Meus cabelos têm fios brancos,
entremeando minha mocidade
com os sinais do tempo.
No canto dos meus olhos,
aparecem rugas
por anos de observação.
Minhas mãos perderam
a pele de seda clara
pelas pelejas ácidas
de gestos tão repetidos.
Minha boca modificou-se
junto com o rosto,
e sofreu e calou tristezas,
mas também iniciou
e travou batalhas,
enfrentando armas perigosas, cortantes.
Meu rosto está na meia idade,
maduro, mostrando o tempo
e as trilhas já percorridas.
Antologia Poética 2008
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP
Vale a Pena?
Poesias é coisa de gente
que não tem o que fazer,
dizem os homens práticos...
Mas o poeta tem holofotes nos olhos,
sua luz ilumina as coisas e as gentes!
No fim do horizonte
ele encontra respostas,
nas ondas do mar, a inspiração;
não sente falta de alimentos outros,
só quer se alimentar do invisível.
Como agulhas afincar minha pele,
lembro meus antigos poemas...
Na hora do encantamento,
leio poemas para me dar alento,
curar, amar, criar, emocionar,
e acabo pensando,
Será eu vale a pena poetar?
Sinceridade
Nunca me travesti de estrela
quando me sentia terra,
nem de rainha
se meu corpo era súdito.
Creio na verdade,
aquela que não se esconde
no olhar, nos gestos, no andar
de quem ama sem tentar impressionar.
Gosto de sentir que meus
olhos e meu corpo todo
traduzem minha vontade
intensa, total de amar.
Espero você no mesmo lugar,
sem estranhar seus passos,
sem disfarçar nenhum
dos meus encantos e desencantos...
Antologia Poética 1998
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP
As Araucárias e o Tempo
Araucárias,
imponentes relicários,
vigiam mansamente
os altos da Mantiqueira.
Altaneiras acolhem rigorosos invernos,
distribuindo pinhões,
certeza de beleza a muitos rincões.
Araucárias,
nascem voluntárias
do bico das gralhas,
se resguardam do vento,
observam geadas, gentes,
pássaros, plantas, músicas,
imóveis silêncios,
aconchegos verdes,
brisas aladas, águas claras
aves ao vento, coloridos cantos,
repousos de uma noite,
pousos, flores,
filhotes,
almas,
o som dos tempos,
minhas lembranças,
meus relicários...
Poema do livro - Do Outro Lado da Montanha
JAC Editora, 2010
Se não fosse a esperança,
eu não continuaria a resistir
em busca da paz que preciso.
Não sei de onde vem esta coragem,
s tenho corpo tão frágil
e choro pelos desamores do mundo.
Ah, como sonho com a paz primeira!
Quero de novo a minha cama de menina,
com colchão de palha de milho,
com acolchoado de lã de carneiro.
Quero beber o leite da cabra Eduvirges,
na minha casa da chácara,
no meu quintal cheio de frutas
e meus dez anos de idade.
Antologia Poética 1999
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP
Meia Idade
Meus cabelos têm fios brancos,
entremeando minha mocidade
com os sinais do tempo.
No canto dos meus olhos,
aparecem rugas
por anos de observação.
Minhas mãos perderam
a pele de seda clara
pelas pelejas ácidas
de gestos tão repetidos.
Minha boca modificou-se
junto com o rosto,
e sofreu e calou tristezas,
mas também iniciou
e travou batalhas,
enfrentando armas perigosas, cortantes.
Meu rosto está na meia idade,
maduro, mostrando o tempo
e as trilhas já percorridas.
Antologia Poética 2008
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP
Vale a Pena?
Poesias é coisa de gente
que não tem o que fazer,
dizem os homens práticos...
Mas o poeta tem holofotes nos olhos,
sua luz ilumina as coisas e as gentes!
No fim do horizonte
ele encontra respostas,
nas ondas do mar, a inspiração;
não sente falta de alimentos outros,
só quer se alimentar do invisível.
Como agulhas afincar minha pele,
lembro meus antigos poemas...
Na hora do encantamento,
leio poemas para me dar alento,
curar, amar, criar, emocionar,
e acabo pensando,
Será eu vale a pena poetar?
Sinceridade
Nunca me travesti de estrela
quando me sentia terra,
nem de rainha
se meu corpo era súdito.
Creio na verdade,
aquela que não se esconde
no olhar, nos gestos, no andar
de quem ama sem tentar impressionar.
Gosto de sentir que meus
olhos e meu corpo todo
traduzem minha vontade
intensa, total de amar.
Espero você no mesmo lugar,
sem estranhar seus passos,
sem disfarçar nenhum
dos meus encantos e desencantos...
Antologia Poética 1998
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP
As Araucárias e o Tempo
Araucárias,
imponentes relicários,
vigiam mansamente
os altos da Mantiqueira.
Altaneiras acolhem rigorosos invernos,
distribuindo pinhões,
certeza de beleza a muitos rincões.
Araucárias,
nascem voluntárias
do bico das gralhas,
se resguardam do vento,
observam geadas, gentes,
pássaros, plantas, músicas,
imóveis silêncios,
aconchegos verdes,
brisas aladas, águas claras
aves ao vento, coloridos cantos,
repousos de uma noite,
pousos, flores,
filhotes,
almas,
o som dos tempos,
minhas lembranças,
meus relicários...
Poema do livro - Do Outro Lado da Montanha
JAC Editora, 2010
Tempo de ter Tempo
Sou do partido da esperança,
Sou da ala dos sentimentais,
Sou da época da poesia,
Sou do tempo das serenatas,
Sou da safra dos intelectuais.
Não sei contar mentiras,
Não sei esconder meus sofrimentos,
Não sei controlar minhas lágrimas,
Não sei disfarçar meus sentimentos,
Não sei enganar meu peito,
Não sei apagar memórias,
Não sei fugir do tempo.
Sou do tempo do amor flertado,
Sou do tempo das danças de rosto colado,
Sou do tempo dos bilhetes apaixonados,
Sou do tempo do namoro de mãos dadas,
Sou do tempo em que não se sentia o tempo,
Sou do tempo em que se tinha tempo,
Só que esse tempo não tem mais tempo!
Antologia Poética 1998
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP
A Beleza do Natal
A beleza do Natal
é a forma angélica da Verdade,
é o Anjo da Anunciação,
é a singela capela,
é a simplicidade da Gruta de Belém,
é a nossa vontade de ir além,
é a promessa que fizemos,
é a vontade de ser outro,
é a certeza da bondade de Deus,
que enviou seu Deus Menino,
escoltado por mil Anjos,
que dão tudo de si
para dar mais vida
a todos os nossos Natais...
Antologia Poética - 1° Concurso de Poemas de Natal - 2009
(Re)Leitura do Natal - São Paulo - All Print Editora
Sou do partido da esperança,
Sou da ala dos sentimentais,
Sou da época da poesia,
Sou do tempo das serenatas,
Sou da safra dos intelectuais.
Não sei contar mentiras,
Não sei esconder meus sofrimentos,
Não sei controlar minhas lágrimas,
Não sei disfarçar meus sentimentos,
Não sei enganar meu peito,
Não sei apagar memórias,
Não sei fugir do tempo.
Sou do tempo do amor flertado,
Sou do tempo das danças de rosto colado,
Sou do tempo dos bilhetes apaixonados,
Sou do tempo do namoro de mãos dadas,
Sou do tempo em que não se sentia o tempo,
Sou do tempo em que se tinha tempo,
Só que esse tempo não tem mais tempo!
Antologia Poética 1998
Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP
A Beleza do Natal
A beleza do Natal
é a forma angélica da Verdade,
é o Anjo da Anunciação,
é a singela capela,
é a simplicidade da Gruta de Belém,
é a nossa vontade de ir além,
é a promessa que fizemos,
é a vontade de ser outro,
é a certeza da bondade de Deus,
que enviou seu Deus Menino,
escoltado por mil Anjos,
que dão tudo de si
para dar mais vida
a todos os nossos Natais...
Antologia Poética - 1° Concurso de Poemas de Natal - 2009
(Re)Leitura do Natal - São Paulo - All Print Editora
Maria do Carmo Silva Soares
é membro da Academia Caçapavense de Letras
3 comentários:
Mais uma vez o Taiadablog prestigia a Academia Caçapavense de Letras e seus Acadêmicos mostrando hoje a ilustre Poeta Maria do Carmo, autora premiada em muitos concursos, com livros editados e, o que é mais importante, com poemas que despertam os sentimentos de amor, fraternidade. amizade, carinho e tudo mais que faz bem à alma. Parabéns à autora e ao Taiada.
JC estou ficando costumeira em visitar este blog, eis que este trabalho com a Academia de Letras está muito bom. Revejo aqui minha amiga a poeta Maria do Carmo com seus lindos versos, que nos trazem bons pensamentos e alegria, coisas raras nestes nossos dias.
Lindos poemas. Parabéns Maria do Carmo e à Academia pelo trabaho e o apoio do Taiada
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