A batalha dos vestibulares foi vencida. Consegui chegar lá. Entrei num curso universitário. Posso comemorar à vontade. E agora?
É hora da formação profissional. Do empenho em busca de solidez, qualidade e resultados que sejam compatíveis com o seu sonho. Vitórias somente serão possíveis se você encarar a faculdade com responsabilidade. Isso significa que terá que ser disciplinado, não apenas no sentido mais comumente associado as escolas e a educação em geral, ou seja, tendo um comportamento adequado em sala de aula, de respeito ao professor e aos colegas.
Esta disciplina também se aplica aos estudos propriamente ditos. Participar da aula e não estar por lá apenas de corpo presente. Seus atos, ações, atitudes serão imprescindíveis para definir quem é você não apenas na sala de aula, mas também no mercado de trabalho. Se não leva a sério as leituras, aulas, trabalhos propostos como será encarado por seus professores e posteriormente pelos patrões potenciais?
Se apenas burocraticamente cumpre as tarefas que lhe são propostas, sem se empenhar em ir a fundo, buscando mais informações e novas referências, certamente está sinalizando que no cumprimento das funções cotidianas profissionais irá fazer o mesmo... E quem está atrás deste funcionário no mercado de trabalho? Conhece algum empregador que quer isso de seus trabalhadores?
Ter o diploma universitário só faz sentido se ele foi conquistado a duras penas, com suor, aplicação real aos estudos. Estar de corpo presente em sala de aula sem que isso repercuta enquanto produção acadêmica de qualidade é chover no molhado, ou seja, é colocar-se no mercado apenas como mais um e não como alguém que mereça ser olhado, tendo reais oportunidades de crescimento e valorização.
Tenho observado que há muitos cursos se proliferando, portas se abrindo, oportunidades de estudo em maior quantidade para muitos brasileiros. Novas universidades ou faculdades estão ocasionando o que até bem pouco tempo atrás seria impensável, vagas não preenchidas em instituições públicas de enorme credibilidade como a USP nos anos de 2010 e 2011, que teve que realizar listas de 2ª ou 3ª chamada para preencher suas vagas ociosas.
A notícia, a princípio, parece boa, não é mesmo? Mas só pode ser assim considerada se as novas instituições que entram no mercado se comprometam em oferecer cursos de qualidade, o que significa na prática que além de ganhar dinheiro com suas ações devem ter um corpo docente especializado (cumprindo a cota de mestres e doutores), estímulo e realização de pesquisa, laboratórios, informática ligado a rede mundial de computadores, bibliotecas, quadras...
E, para que isso tenha sentido, é preciso, como complementação, que os alunos ingressantes percebam o que a formação universitária representa para eles, de fato, aproveitando a oportunidade, o ensejo, os momentos que têm em sala de aula. Há muitos cursos sendo desenvolvidos à noite para que pessoas já inseridas no mercado de trabalho possam estudar. Isso significa que elas estão realizando real sacrificio para estar ali. Muitas chegam cansadas, mas querem e sabem da necessidade da formação, do diploma, dos conhecimentos ali trabalhados. Abdicam do descanso e do lazer, da família e dos amigos para estudar. É preciso valorizar e fazer bom uso deste processo de ensino-aprendizagem.
A luz no fim do túnel, com a formatura, o diploma e a entrada ou melhoria de condição profissional só acontecerá se o tempo ali vivido for bem aproveitado. E passa mais rápido do que conseguimos imaginar, ou seja, não há como voltar a fita, rebobinar e tentar passar de novo, para recuperar as oportunidades, uma vez vividas (bem ou mal), passam a fazer parte do passado e não há como refazer estes percursos... É aproveitar ou aproveitar, caso contrário, os prejuizos gerais são grandes...
Obs. Me referi neste texto ao ensino universitário, mas as ideias podem muito bem aplicar-se também as outras etapas da formação adequando-se sua leitura aos contextos específicos, seja no Ensino Básico ou nas etapas de pós-graduação!
Prof. Dr. João Luiz de Almeida Machado
é articulista e membro da Academia Caçapavense de Letras
Nenhum comentário:
Postar um comentário