As casas de farinha de Caçapava, na maioria situadas no bairro da Piedade, fabricam, há mais de cem anos, a farinha de mandioca, (esta farinha acompanha as farofas com ovos, a carne ou o feijão), ainda por processos artesanais folclóricos.
A casa de farinha ou a casa de fazer farinha apresenta diversividade regional no território brasileiro.Há variações nas características de posição, material de construção, equipamentos, utensílios, energia utilizada e outros aspectos.
A casa de farinha de nossa região é uma construção retangular, coberta com sapé ou com telhas antigas (feitas à mão) com paredes de pau-a-pique. Tem sempre uma porta na frente e uma ou duas janelas, estas em qualquer direção pois não há posição certa para localizá-las! Destacam-se as chaminés, colocadas em qualquer dos lados, ora com saída em baixo, ora fumegando por cima.
Quando uma família não possue a sua casa de farinha, faz de “meio” ou de “terça” com o vizinho ou compadre.
Ao homem cabe o plantio, a colheita e o transporte da mandioca até sua casa.
A mulher e os filhos ficam com a tarefa do preparo da farinha, tirando daí o dinheiro para a compra de roupas e remédios para a família.
Atualmente, estão em funcionamento somente quatro casas, e toda a pequena produção é vendida a quilo, no Mercado Municipal de Caçapava, o que reforça e mantém a tradição.
Nelson Favorino é fotógrafo profissional, com vários trabalhos e exposições realizadas pela capital e interior paulista. Pela riqueza de sua obra, recebeu vários premios e condecorações!
7 comentários:
Jc Não consigo ver o vídeo está dizendo que é privado
OK anonimo! Já foi corrigido! Desculpe a falha e aproveite a postagem.
O Nelson Favorino realmente é um grande profissional da fotografia, merece que a Secretaria de Cultura o contate, pois tem uma série de fotos sobre o Museu do Automovel, no tempo que estava em pleno funcionamento, dentre tantas outras que contam a história de Caçapava. Vamos enaltecer nossos valores.
Comprei e ainda compro muita farinha de mandioca naquelas bancas ali perto da peixaria do Mercado Municipal de Caçapava e achei fantástica a história contada em fotos e texto pelo Sr. Nelson Favorino. Meus parabéns à mais esta personalidade do mundo caçapavense!
Primeiramente, parabéns ao fotógrafo Nelson Favorino e ao blogueiro JCFlores pela publicação.
Nasci em Caçapava, onde passei a infância e parte da juventude. Meus avós viveram no Bairro do Sapé. O meu avô italiano tinha um sítio e um armazém. Ao lado do armazém, a atração do lugar: a cancha de bocha feita pelo San to, o meu nono!
A minha avó italiana, Maria, ensinou às filhas e noras sobre como fazer "A" Macarronada, "O" Nhoque e outros pratos italianos.
O meu avô Manuel cuidava da sua roça, enquanto a minha avó, também Maria, entre tantos afazeres, fazia tipiti e cestas de taquara e, aos sábados, como era o costume de então, ela e o vô Manuel iam a pé do Bairro do Sapé até o Mercado, onde vendiam os tipitis e cestas e faziam a compra semanal. O Mercado Municipal de Caçapava era o ponto de encontro entre o pessoal da roça e o pessoal da cidade.
Lembro-me de um pequeno bote que o meu pai construiu para o nosso lazer. Feito o bote, o próximo passo foi construir um "tanque", através do represamento de um riacho que passava no sítio do meu pai. Ao estreiar o bote, o mesmo virou e o meu pai levou um banho de roupa, sapato, carteira, relógio de bolso, chapéu e óculos!
Uma lembrança marcante, que volta e meia vem à minha mente: Era verão, eu e meu irmão mais velho passamos o dia no sítio do meu pai. Já estava quase escurecendo e nos demos conta que estava na hora de voltar para a cidade. Quando passamos em frente à casa da avó Maria resolvemos parar para pedir a "benção" (ela já estava viúva, morando sozinha naquela casinha de pau-a-pique coberta de sapé). E não deu outra, ela nos convenceu a jantar e serviu virado (com a farinha feita por ela), arroz, couve, torresmo e um baita ovo frito. Verdadeiramente, esse foi um jantar simples, bem brasileiro e agradavelmente inesquecível e com algo que não preço: feito com o carinho e afeto da avó Maria.
A minha filha tem um costume desde pequenina: se vai para Caçapava (ou alguém vai ou de lá vem nos visitar), tem que comprar farinha no Mercado. Um detalhe: se não tem farinha do Mercado de Caçapava, nem pensar em comprar e servir a ela farinha industrializada.
Obs.: Tipiti é um cesto para prensagem/retirada do excesso de água da mandioca, depois da ralação e antes do esfarelamento, peneiragem e torração (isso eu não aprendi com os meus avós... foi pesquisando no Google, mesmo! rsrsrs...).
Minhas congratulaçoes ao sr. Nelson Favorino belo belíssimo trabalho.
E ao JC, por tê-lo publicado, para nosso deleite!
JC: voce é mesmo incrível: depois de descobrir um monte de caçapavenses artistas, desconhecidos à maioria da população, aparece com o Nelson Favorino e esta fantástica sequência da Casa de Farinha.
Continue assim e parabéns à vc. JC e principalmente ao Nelson Favorino!
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