Um megaguindaste usado nas obras do estádio do Itaquerão, na zona leste
de São Paulo, está dando dor de cabeça para os pilotos de helicóptero e
para o Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo (SRVP-SP).
O equipamento tem 114 metros de altura, o equivalente a um prédio de 40
andares, e está montado em um local com cota de terreno de 790 metros –
ou seja, um total de 904 metros, segundo a Odebrecht, empreiteira
responsável pelas obras do estádio.
A Associação Brasileira de Pilotos de Helicóptero (Abraphe), porém,
afirma que o guindaste está quase 100 metros acima da altura informada e
fica no meio do caminho de helicópteros que sobrevoam a região.
Por causa disso, o grupo de comandantes da associação foi alertado para ter “atenção redobrada” na área.
“Tivemos um helicóptero que sobrevoou a região, passou bem próximo do
guindaste e viu que está mais alto do que o informado às autoridades
aeronáuticas”, disse o comandante Rodrigo Duarte, presidente da Abraphe.
“Durante o dia, com tempo bom, tudo bem, você vê e desvia. O problema é à
noite, com tempo ruim e restrição de visibilidade. E não é ruim só para
helicóptero.”
O megaguindaste também está na rota do Aeroporto de Cumbica, em
Guarulhos, segundo o Serviço Regional de Proteção ao Voo de São Paulo.
Por isso, e também para orientar os helicópteros, a Aeronáutica expediu
um Notam – espécie de alerta sobre determinada região do espaço aéreo –
para informar oficialmente os pilotos da presença do obstáculo na área.
“O guindaste em apreço viola superfície horizontal do Aeroporto de
Guarulhos. Para o caso, requer-se unicamente a publicação do obstáculo, a
fim de que as empresas aéreas tomem conhecimento e estabeleçam seus
procedimentos de contingências. Até agora nenhuma operadora ofereceu
qualquer reclamação.”
A Odebrecht afirma que o guindaste “segue instalado no canteiro até o
término do assentamento de todos os módulos que vão constituir a
cobertura” do estádio. “O equipamento é importante por oferecer a
instalação com precisão e segurança das estruturas metálicas da
cobertura das arquibancadas, um imponente teto de aço e vidro cuja
altura máxima chegará a quase 60 metros em relação ao gramado na obra.”
A previsão é de que o futuro estádio do Corinthians fique pronto em dezembro do ano que vem, a tempo da Copa.
Como a própria Aeronáutica recomenda que os helicópteros mantenham uma
distância de mais de 150 metros de qualquer obstáculo quando sobrevoam
“cidades, povoados e lugares habitados”, depois da denúncia da
associação, o órgão vai averiguar qual a real altitude do guindaste.
A autorização solicitada pela Odebrecht foi para erguer um equipamento
que, no total, chegaria a 910 metros. Mas “a associação está afirmando
que este guindaste teria 975 metros no topo. Será verificada a
necessidade de sinalização do equipamento”, disse a Aeronáutica.
A Abraphe quer ainda que o Notam seja estendido para todo o espaço aéreo
de São Paulo, não apenas para quem tem como origem ou destino o
Aeroporto de Guarulhos. “Ali é ponto de chegada para o Campo de Marte e
rota para quem vem do interior. O alerta precisa ser abrangente”,
afirmou Rodrigo Duarte.
O presidente da Abraphe garantiu ainda que há outros casos de obras em
São Paulo cujos guindastes são obstáculos no espaço aéreo. A região do
Itaim-Bibi, zona sul, é uma das que mais têm megaguindastes, alguns
sobre prédios.
“Na cidade, há vários equipamentos em cima de prédios que, erguidos,
interferem nos voos”, disse. “Tem uma obra na Avenida Juscelino
Kubitschek, no Itaim-Bibi, por exemplo, em que o guindaste está bem
iluminado, tem Notam expedido, tudo certo. Mas em outras eles
simplesmente ficam apagados.”
vai curintía!!!
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