O video acima mostra uma versão diferente da que foi dada pelo delegado da Polícia Federal que comandou o ataque aos índios Munduruku e Kayabi, em aldeia na beira do rio Teles Pires.
É um video simples, de 6´38´´, feito claramente por um amador, provavelmente indígena, que estava fascinado pelo voo do helicóptero. Só no último minuto, no minuto 5, 38 segundos, é que se ouve o primeiro tiro sendo disparado. Sete segundos depois ouve-se outro estampido.
Em seguida vem um voleio de tiros, bem mais de 30, até que o cineasta perde o controle, provavelmente cai, pois a última cena mostra a grama de pertinho, e o video para. Vê-se nos primeiros minutos que não havia preparativos para receber os policiais com emboscada. Ao contrário, havia mulheres crianças e jovens passeando pela aldeia. O cineasta foca o helicóptero e não parece se dar conta de que algo possa estar acontecendo. Alguém passa e pede um cigarro.
Um rapaz passa andando com uma borduna e vai em direção ao helicóptero; um vai correndo com um maço de flechas, eis o que vemos de preparativos de guerreiros. Enquanto isso, o helicóptero para no campo de futebol da aldeia e dele descem uns 8, 10 policiais. Depois, vê-se que eles entram na barcaça localizada na beira do rio, todos portando armas, tipo fuzil ou metralhadora. Estão vestidos para a guerra.
Em certo momento, antes do tiroteio, vê-se que eles estavam tensos, mas não nervosos a ponto de disparar. Considerar que houve uma emboscada é pura fantasia. Não se vê lances de flechas sendo atiradas em direção aos policiais. O que se vê são policiais mirando e atirando para uma direção no mesmo nível, e alguém dizendo que são balas de borracha. Até então os índios estavam ingênuos.
O que pensar de tudo isso? Primeiro, que cabe à Funai, ela própria, exigir do Ministério da Justiça uma abertura de inquérito e soltar uma nota de protesto contra a Polícia Federal e uma nota de solidariedade ao povo daquela aldeia, especialmente aos familiares do índio que foi mortalmente baleado três vezes.
Segundo, que cabe à Funai se dirigir aos Munduruku, aos Kayabi e aos Apiaká que moram na beira do rio Teles Pires e pedir desculpas em nome do Estado brasileiro e do indigenismo.
Terceiro, cabe à Funai e aos seus indigenistas retomar o diálogo com os povos indígenas, que vem perdendo cada vez mais nos últimos anos. Quarto, cabe à presidenta Dilma Rousseff, em nome do Brasil, se dirigir oem desculpa, solidariedade e apoio aos índios feridos e agredidos e aos impactados por toda essa operação e pela ação de garimpeiros, madeireiros e barrageiros naquela terra indígena.
O que aconteceu foi um grave incidente no indigenismo brasileiro e não pode se deixar passar em brancas nuvens.
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