Taiadablog: Aproximações de tirar o fôlego !!!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Aproximações de tirar o fôlego !!!


Na década de 90 a Varig iniciou os voos para Hong Kong com escala em Joanesburgo, África do Sul. Inicialmente com o Jumbo 747 e depois com MD-11, os pilotos puderam conhecer em Hong Kong o aeroporto Internacional Kai Tak, cuja aproximação e pouso era considerada uma das mais peculiares e difíceis do mundo.

Infelizmente eu não tive a oportunidade de voar para Hong Kong, pois na época eu ainda pilotava nas linhas nacionais. O pessoal contava que a aproximação realmente exigia certa dose de habilidade, principalmente em dias de ventos fortes, mas que por outro lado, a mecânica para pousar um MD-11 não era muito diferente daquela necessária para pousar um Boeing 737, um Bandeirante ou um "Paulistinha".

Kai Tak funcionou de 1925 a 1998 quando, já pequeno para a grande demanda de voos, foi fechado e substituído por um novo e moderno aeroporto.  A pista de 3.390 metros era um aterro sobre o mar e as aproximações para a pista 13 eram feitas por auxilio de instrumentos até um ponto (uma colina balizada com uma grande lage xadrez pintada de branco e laranja) e, a partir dali, com o piloto automático desacoplado, seguindo para o pouso sob condições visuais. 
Era necessária uma curva acentuada à direita e em baixa altitude, e quando o vento era forte, situação muito comum nas imediações do Kai Tak, muitas vezes o piloto ao efetuar esta manobra, ultrapassava o alinhamento da pista e já próximo da cabeceira, lhe restava pouco tempo para a devida correção.

O histórico de acidentes em Kai Tak é grande. Trem de pouso quebrado, pneus estourados e até asas e motores raspando na pista não era raro acontecer. O You Tube possui vários vídeos com as impressionantes aproximações e pousos. A Varig voou para Hong Kong por cerca de cinco anos, pelo que eu sei, sem nenhum incidente.

Outro aeroporto que possui uma aproximação difícil é o JFK em Nova Iorque. Quando o vento sopra forte em determinada direção, e a pista para pouso é a 13R (rumo magnético 130 graus, pista da direita), o procedimento de chegada é a Canarsie Approach, cuja curva não é tão acentuada e nem efetuada em tão baixa altitude quanto em Tai Kai, mas que sob condições meteorológicas adversas também exige mais dos pilotos.


Aqui no Brasil temos dois aeroportos que também prevêem curvas em baixa altura para o alinhamento com a pista. São eles o aeroporto de Vitória/ES e o Santos Dumont/RJ. Até a pouco tempo atrás, antes que o GPS estivesse amplamente incorporado aos procedimentos de chegada, quando o vento em Vitória soprava do setor norte e as nuvens estavam baixas, a única aproximação permitida exigia uma curva de cento e oitenta graus pela direita para alinhar com a pista em uso.
A dificuldade aumentava no período noturno, especialmente com chuva e vento. Em compensação, de dia e com tempo bom esta aproximação em Vitória é linda!

O Rio de Janeiro, especialmente quando visto de cima, é maravilhoso, e as chegadas no Santos Dumont são simplesmente fabulosas. Pão de Açúcar, Corcovado, o mar, as montanhas... Não difícil é fazer curvas acentuadas mantendo a velocidade correta, razão de descida compatível, com os devidos descontos para o vento que insiste em querer jogar o avião em direção ao morro da Urca e Pão de Açúcar. Difícil é fazer isso tudo e com o canto dos olhos ainda curtir a paisagem.


Comandante Beto Carvalho
é aviador e piloto dos grandes jatos












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