Meus amigos, esta semana o inoxidável Edmilson Viana Moura, publicou o artigo abaixo no Pasquim Craquento, o qual tomamos a liberdade de reproduzir em razão de ser uma das mais belas e exatas linhas já traçadas em torno da politicalha atual deste governo mequetrefe que temos, que prefere as luzes da Europa e do mundo como no caso do resguate do vôo 447, do que socorrer os próprios irmãos nordestinos e nortistas, ainda hoje esfomeados e sem ter onde dormir, em razão das chuvas que devastaram, no mínimo dois estados: o Pará e o Maranhão? Cadê seus governantes? O que fizerem pelo sofrido povo? Vejam abaixo:
“Dois pesos, duas medidas. De um lado atenção jamais vista. De outro, desatenção até criminosa.
No desastre da Air France, a Governo Federal vem se esmerando em cuidados. Pagou viagem e estada dos familiares da vítimas ao Recife e Fernando de Noronha.
O Ministro da Defesa fez questão de comunicar, ele próprio, o encontro dos dois primeiros corpos – que nada tinham a ver com o caso. A Marinha deslocou sete (?) navios para as buscas. A aeronáutica enviou seus mais poderosos helicópteros. O Exército montou uma base de operações em Fernando de Noronha. A Igreja rezou missa solene pelos 228 mortos. A TV dedicou seus noticiosos ao acidente, hora após hora, destroço por destroço. Nossas três maiores revistas abriram suas matérias de capa ao mesmo assunto. E o mundo todo vais se admirando com tanta solidariedade...
Enquanto isso...Enquanto isso, no Pará, no Maranhão, Piauí, as águas lamacentas dos rios em fúria arrastavam casas, móveis, roupas, todos os pertences de milhares de brasileiros – repito: dezenas de milhares – deixando-os na miséria total. Afogavam os ribeirinhos. Destruíam povoados inteiros. Instalavam o caos, a fome, o desespero. Pior: continuam ameaçando, com doenças e novas chuvas.
O Governo Federal? Destinou uma verbinha “prá constar” – e se mandou em suas intermináveis viagens internacionais. Forças Armadas? Acomodaram-se em seus quartéis, talvez com medo de outros assaltos. Igreja? Não faz missa solene para pobres. TV? Prefere as imagens limpas, fotogênicas, de uma tragédia moderna, ao invés daquelas cenas primitivas de gente pobre, feia, faminta, suja de barro. A imprensa? Abre suas páginas às biografias dos nobres passageiros – e nenhuma linha sobre os irmãos do Norte/Nordeste.
Autoridades e jornalistas querem é aparecer lá fora. Querem é ganhar nome nas manchetes da Europa e dos Estados Unidos. Se pudessem, falariam em Francês ou Inglês, para mostrar que não são tupiniquins. Esquecem seus juramentos e se pavoneiam nesse triste espetáculo de vaidade, exibicionismo, bajulice.
Em outros tempos, quando nosso País ainda era subdesenvolvido, havia quem chamasse os brasileiros de “macaquitos”... Chego a temer que eles tinham razão para isso...”
É isto aí! Meus parabéns ao grande Edmilson, para quem nossas páginas estarão sempre abertas!
Um comentário:
JC
Realmente os artigos do Edmilson são ótimos,mas esta semana ele realmente superou-se. Pena que escreva num jornal que pouco valoriza seus colaboradores e suas matérias que poderiam ser melhor tratadas!!!
É uma pena mesmo!
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