A penúltima Batalha!!! Muito boa, Edmilson!!!

Não tem jeito não, desta vez vou pedir licença ao pasquim craquento, para publicar esta outra jóia do inoxidável Edmilson Viana Moura:

"Na UTI, nossa vida está por um fio. Ou melhor, por vários fios, tubos, aparelhos. É essa parafernália toda que garante a sobrevivência em nossos momentos mais decisivos. Tubos invadem nossas narinas para levar oxigênio aos pulmões.

Agulhas e injeções derramam nas veias soro e remédios. Sensores monitoram as batidas cardíacas, a respiração, os sinais vitais. De hora em hora, enfermeiras verificam o quadro, trocam curativos, oferecem algodão com água para beber.

Não há um único enfermeiro homem. Apenas mulheres. Somente elas têm bondade, paciência e coragem para suportar tantos gemidos, para conviver com tanto sofrimento. Mesmo assim, a gente está sozinho diante da Última Porta.

Depois dela, o Desconhecido...Imobilizado no leito, às vezes até amarrado, resta o ato de pensar. Mesmo esse não é de todo livre. A mente dopada pela forte medicação, semi-inconscientes, perdemos a noção de tempo e espaço. Os pensamentos vêm de cambulhada, desordenados, misturando imagens, sonhos, pesadelos.

Alternam-se a febre e a lucidez, a vontade de viver e o medo à dor. Lá no íntimo brota uma revolta contra o Destino:- “Por que não me dá mais tempo, Senhor? Por quê?” Logo, porém, uma dor terrível muda a súplica:- “Por que continuar meu sofrimento, Senhor? Por quê?”Quando os médicos chegam para o exame diário, rezamos para que sejam competentes e bons para nos tirar logo dali.

Buscamos adivinhar em seus rostos e olhares a verdade sobre nosso estado. Estamos melhorando? Piorando? Precisaremos enfrentar outra cirurgia? Ainda ficaremos muito tempo na UTI? Às vezes, pressentimos que estamos perdendo a luta, talvez a última batalha de nossa existência terrena.

Não chega a haver desespero, apenas cansaço, muito cansaço. Prometemos então:- “Se escapar, hei de ser alguém melhor do que fui – para mim e para os outros.” Até que um dia - ah, que dia maravilhoso! – ouvimos a tão esperada decisão:- “O senhor vai para o quarto, não precisa mais ficar aqui...” Semana depois, ao deixarmos o hospital, sentimos como é bom viver. Descobrimos o valor das coisas mais simples como se nunca as conhecêssemos. Desfrutamos o prazer de ir e vir livremente com as próprias pernas. Saboreamos a comida que escolhemos, bebemos quanta água queremos.

Aprendemos a curtir o calor do sol. E nos surpreendemos ao ver como são bonitas nossa cidade, nossa gente, nossa casa. Aos poucos, entretanto, a rotina vai nos dominando. Voltamos a ser imperfeitos e insensíveis, como antes. Recomeçamos a discutir miudezas, a aborrecer-nos por mesquinharias, a desperdiçar em futilidades o precioso tempo que nos resta. Dia a dia perdemos a grandeza d’alma prometida naqueles momentos difíceis.

Estamos de novo passando pela vida sem vivê-la. Nem sempre a gente merece ganhar aquela batalha na UTI..."

Quanto ao Túnel do Tempo, recuso-me a comentar pois considero o personagem desta semana o principal responsável pelo fim do PSDB na Taiada!