A felicidade está em você. Esta é a resposta mais atual dada pelos especialistas. E não pode ser percebida como a maior das metas a ser atingida.
Até mesmo porque somos e vivemos de uma forma que, por mais harmoniosa que seja, alterna momentos bons com outros ruins, prevalecendo sempre uma média, aquela do cotidiano, a guiar nossos dias.
A forma como encaramos esta alternância de estados, situações, fatos e condicionantes é que nos permite viver melhor ou pior.
O que isso quer dizer? Peguemos um exemplo do cotidiano, um dia da vida de um cidadão como eu ou você. Pense no despertador tocando, num dia frio de outono ou inverno, naquela preguiça misturada com um cansaço que se acumulou pelo excesso de atividades, a coberta quentinha e... Hora perdida... Acordar as 6 da manhã era o plano, mas com todos estes elementos, você saltou da cama as 7 horas e mal teve tempo de se arrumar como deveria, muito menos tomar um bom café da manhã... Esconjura-se então o danado do rádio-relógio que não funcionou como deveria...
Voltando no tempo, olhemos lá para trás, nos dias anteriores, o que lhe causou tanto cansaço e fez com que estivesse com vontade de dormir mais, de não sair da cama? Relatórios a serem entregues para o chefe no final do mês... Horas e horas de trabalho debruçado a fazer cálculos, corrigir as planilhas, sair mais tarde do serviço, pegar aquele trânsito engarrafado, chegar em casa mais tarde do que o normal e, demorar a dormir...
Compromisso é compromisso, desta postura depende meu trabalho e salário no final do mês, não é mesmo? Tudo bem, não dá para discordar, mas e se tentarmos antecipar esta demanda maior do fechamento de contas e, com isso, evitar o stress e as horas a mais de trabalho? Talvez agindo assim você possa não acumular cansaço e, com isso, acordar na hora prevista para chegar a tempo no trabalho e, logo cedo, com toda a disposição e um bom café da manhã tomado, o trabalho seja feito no tempo certo e se evite toda a correria anteriormente descrita...
O interessante nisso tudo é que, saindo do serviço na hora certa, dá para se organizar e fazer alguma ginástica ou caminhada, encontrar com os amigos para uma happy hour, chegar em casa cedo e ouvir um pouco de música ou ler um bom livro, pegar um filme no cinema ou na TV e, desta forma, se sentir melhor, atingir aquele estado de maior harmonia interna, atingindo os picos que caracterizam o bem-estar pessoal e a felicidade passageira, fundamental para todos nós.
O sentido de utilidade e produtividade, realização profissional e trabalho que redunda em resultados reconhecidos é, igualmente, uma necessidade para todas as pessoas. Trabalhar dá sentido a vida e permite as pessoas que se sintam inseridas, valorizadas e estimuladas a prosseguir, ou seja, auxilia muito no processo de temperança que se espera para nossas existências.
O que não se deve fazer é tornar a realização profissional o centro da vida. O sucesso no trabalho é um elemento e, ainda que as pessoas consigam com isso se sentir muito bem, levando-se em consideração que nem tudo são flores mesmo para os melhores profissionais, os louros da glória obtidos com melhores salários, condições, reconhecimento pelos pares e sociedade, promoções e outros benefícios, sozinhos não atendem a demanda que temos para chegar a uma vida mais equilibrada e sadia.
Para tanto, precisamos também das outras pessoas, de nossos parentes e amigos, de uma boa relação com os colegas de trabalho e, mesmo, da interação que travamos no dia a dia com tanta e tanta gente. E esta é uma das maiores recomendações dos estudiosos da felicidade nesta nossa busca incessante pelos momentos mais valorizados da vida. Estar com as pessoas e conviver com elas, recebendo das mesmas respostas várias que alimentem nossas vidas, sejam elas boas ou ruins, nos permite crescer, perceber a vida em todas as suas nuances, entender a graça e o sentido de estar por aqui, ainda que o sabor da existência e das relações humanas seja as vezes doce, outras amarga, em certas ocasiões apimentada ou ainda insípida...
Quando se fala que a felicidade reside em cada um, temos que entender que a forma como vivemos cada situação é que determina se o que prevalecem são os melhores momentos ou as dores de cabeça. Se você não considerar que os problemas fazem parte do cotidiano e que, com eles teremos que conviver, para o bem e para o mal, tratando de buscar soluções e entendendo tudo como possibilidade de aprendizagem e crescimento, irão prevalecer as dores de cabeça... Se você não valorizar e viver cada momento como único, sejam eles bons ou ruins, curtindo as vitórias e entendendo os motivos das pequenas derrotas cotidianas, a vida não terá muito sentido e, certamente, a felicidade ficará mais distante.
O importante é o equilíbrio que nos permita viver de forma harmoniosa, independentemente das pedras ou das flores no meio do caminho, estar por aqui é uma grande aventura, de sabor inigualável e que precisa, com certeza, ser melhor aproveitada em cada minuto por todos nós!
Obs. Gosto igualmente de pensar que a felicidade está nas coisas simples, no contato com a natureza, num momento de silêncio e reflexão, numa música que mexe com os nossos sentidos, num abraço gostoso...
Prof. Dr. João Luís de Almeida Machado
Membro da Academia Caçapavense de Letras
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