Arte e História da Cultura pelo Mackenzie(SP
1- Quais foram os resultados práticos decorrentes da Conferência Nacional de Educação Etapa Intermunicipal – Região do Vale do Paraíba e Litoral Norte, realizada na Câmara Municipal de São José dos Campos, dia 26 e 27 de Junho?
JL - A reunião do CONAE, realizada em São José dos Campos, é preliminar das discussões nacionais que se realizarão em 2010 e que tem como propósito a revisão do Plano de Educação e da própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB). Reuniu políticos, gestores, especialistas e professores para iniciar estes trabalhos e colocar em pauta algumas diretrizes e propostas de discussão a serem levadas a partir de nossa região para o encontro nacional. Por enquanto apenas propostas que, encaminhadas a partir desta e de outras regiões, podem ser consideradas pertinentes (ou não) e colocadas em debate quando as resoluções e implementações forem realmente colocadas em análise, discussão e votação quanto a sua utilidade e aplicação, no ano que vem.
2- O fim do vestibular e a conseqüente utilização das notas do ENEM para os alunos ascenderem à educação superior, representam um avanço ou retrocesso no processo do ensino? Porquê?
JL- Pessoalmente considero um avanço pois considero que a principal medida por trás desta reformulação do ENEM é a reestruturação do Ensino Médio, como destaco no Editorial desta semana no Planeta Educação. A utilização do ENEM como elemento que define a aprovação dos alunos nos principais vestibulares do país, em especial nas universidades públicas, irá fazer com que definam-se alterações na proposta de ensino-aprendizagem do Ensino Médio, como, por exemplo, a adoção de eixos norteadores (Cultura, Ciência, Tecnologia e Trabalho) do estudo nesta etapa da vida educacional, conforme o próprio MEC já está divulgando através do Conselho de Educação e da ampliação da carga horária para 3 mil horas. Mais importante do que isto é superar a idéia de que o Ensino Médio existe apenas para que os alunos se preparem e passem nos vestibulares. Estes estudantes, vivendo a adolescência, precisam de muito mais do que conteúdos (também deles, mas que sejam significativos e propostos não apenas como elementos essenciais para o vestibular e sim para a vida), estes alunos precisam ser formados e trabalhados quanto as emoções, as relações intra e interpessoais, a capacidade criativa, ética e cidadania, humanitarismo...
3- Deve, o ensino superior, submeter-se à exame de habilitação, conforme ocorrem nos cursos de Direito?
JL - Creio, também, que esta medida, apesar de polêmica, é válida. A habilitação apenas a partir da conclusão de um curso universitário já deveria ser suficiente, no entanto, carecemos de maior qualidade na formação em vários cursos e instituições e, certamente, a formação deficiente oferece riscos a população pois depreende que podemos cair nas mãos de profissionais despreparados. Isto pode significar até mesmo risco de vida e problemas para o resto de nossas existências. Pense, por exemplo, no que aconteceria se fôssemos atendidos por médicos, dentistas, engenheiros ou professores desqualificados... Poderíamos perder dentes, sofrer com intoxicações por uso de medicamentos impróprios, ver nossas casas com rachaduras ou problemas estruturais, não aprender a ler ou escrever além dos níveis elementares e funcionais...
4- Qual o grau de necessidade de envolvimento das famílias no processo educacional de seus filhos?
JL - As famílias têm que assumir sua responsabilidade quanto ao processo educacional e, na prática, isto significa acompanhar de perto o que acontece com seus filhos quanto a sua vida escolar. É lógico que, na medida em que os filhos crescem, torna-se necessário dar a eles maior autonomia e atribuir-lhes maior responsabilidade quanto aos rumos de sua escolaridade, mas mesmo quando mais velhos, por exemplo, no Ensino Médio, cabe aos pais informar-se diretamente com os filhos e na escola sobre questões gerais relativas ao estudo, desde o rendimento escolar até relacionamento com colegas e professores, alimentação, hábitos de estudo, eventos extra-classe, reuniões e festas escolares... Saber, participar, acompanhar, cobrar, estimular, auxiliar e orientar são palavras que devemos sempre associar quando pensamos no envolvimento das famílias na educação dos filhos.
5- O que pode ser feito, hoje, para se recuperar a “aura” em torno dos professores, que cumpriam um papel fundamental na educação dos jovens?
JL - A formação dos professores precisa ser revista. As universidades precisam alterar os currículos, dar ênfase e estímulo ao uso de novos recursos e metodologias, promover a compreensão do perfil dos alunos do novo século, delinear uma educação que não seja desgarrada da realidade e apenas conteudista, conceber linhas de ação pedagógicas que sejam desafiadoras... Há muitas pessoas que ainda pensam que os professores são os principais elementos da educação, centralizadores da atenção, detentores do conhecimento... Os professores devem entender que o trabalho educacional somente se concretiza quando há receptividade, entusiasmo, encantamento, disposição e parceria entre ele e os estudantes. Caso isto não se concretize, pouca possibilidade há de que realmente concretizemos o educar. Em termos práticos, creio a partir de tudo o que tenho lido e estudado, o principal passo está na reformulação da formação dos educadores nas universidades. A isto, é claro, agregam-se outras medidas essenciais, como valorização da carreira, criação de planos de atualização, estímulo a um contato e intercambio maior com as famílias, mais recursos para as escolas (bibliotecas, laboratórios, quadras) que facilitariam a interação e a proposição de novos projetos...
JL - A reunião do CONAE, realizada em São José dos Campos, é preliminar das discussões nacionais que se realizarão em 2010 e que tem como propósito a revisão do Plano de Educação e da própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB). Reuniu políticos, gestores, especialistas e professores para iniciar estes trabalhos e colocar em pauta algumas diretrizes e propostas de discussão a serem levadas a partir de nossa região para o encontro nacional. Por enquanto apenas propostas que, encaminhadas a partir desta e de outras regiões, podem ser consideradas pertinentes (ou não) e colocadas em debate quando as resoluções e implementações forem realmente colocadas em análise, discussão e votação quanto a sua utilidade e aplicação, no ano que vem.
2- O fim do vestibular e a conseqüente utilização das notas do ENEM para os alunos ascenderem à educação superior, representam um avanço ou retrocesso no processo do ensino? Porquê?
JL- Pessoalmente considero um avanço pois considero que a principal medida por trás desta reformulação do ENEM é a reestruturação do Ensino Médio, como destaco no Editorial desta semana no Planeta Educação. A utilização do ENEM como elemento que define a aprovação dos alunos nos principais vestibulares do país, em especial nas universidades públicas, irá fazer com que definam-se alterações na proposta de ensino-aprendizagem do Ensino Médio, como, por exemplo, a adoção de eixos norteadores (Cultura, Ciência, Tecnologia e Trabalho) do estudo nesta etapa da vida educacional, conforme o próprio MEC já está divulgando através do Conselho de Educação e da ampliação da carga horária para 3 mil horas. Mais importante do que isto é superar a idéia de que o Ensino Médio existe apenas para que os alunos se preparem e passem nos vestibulares. Estes estudantes, vivendo a adolescência, precisam de muito mais do que conteúdos (também deles, mas que sejam significativos e propostos não apenas como elementos essenciais para o vestibular e sim para a vida), estes alunos precisam ser formados e trabalhados quanto as emoções, as relações intra e interpessoais, a capacidade criativa, ética e cidadania, humanitarismo...
3- Deve, o ensino superior, submeter-se à exame de habilitação, conforme ocorrem nos cursos de Direito?
JL - Creio, também, que esta medida, apesar de polêmica, é válida. A habilitação apenas a partir da conclusão de um curso universitário já deveria ser suficiente, no entanto, carecemos de maior qualidade na formação em vários cursos e instituições e, certamente, a formação deficiente oferece riscos a população pois depreende que podemos cair nas mãos de profissionais despreparados. Isto pode significar até mesmo risco de vida e problemas para o resto de nossas existências. Pense, por exemplo, no que aconteceria se fôssemos atendidos por médicos, dentistas, engenheiros ou professores desqualificados... Poderíamos perder dentes, sofrer com intoxicações por uso de medicamentos impróprios, ver nossas casas com rachaduras ou problemas estruturais, não aprender a ler ou escrever além dos níveis elementares e funcionais...
4- Qual o grau de necessidade de envolvimento das famílias no processo educacional de seus filhos?
JL - As famílias têm que assumir sua responsabilidade quanto ao processo educacional e, na prática, isto significa acompanhar de perto o que acontece com seus filhos quanto a sua vida escolar. É lógico que, na medida em que os filhos crescem, torna-se necessário dar a eles maior autonomia e atribuir-lhes maior responsabilidade quanto aos rumos de sua escolaridade, mas mesmo quando mais velhos, por exemplo, no Ensino Médio, cabe aos pais informar-se diretamente com os filhos e na escola sobre questões gerais relativas ao estudo, desde o rendimento escolar até relacionamento com colegas e professores, alimentação, hábitos de estudo, eventos extra-classe, reuniões e festas escolares... Saber, participar, acompanhar, cobrar, estimular, auxiliar e orientar são palavras que devemos sempre associar quando pensamos no envolvimento das famílias na educação dos filhos.
5- O que pode ser feito, hoje, para se recuperar a “aura” em torno dos professores, que cumpriam um papel fundamental na educação dos jovens?
JL - A formação dos professores precisa ser revista. As universidades precisam alterar os currículos, dar ênfase e estímulo ao uso de novos recursos e metodologias, promover a compreensão do perfil dos alunos do novo século, delinear uma educação que não seja desgarrada da realidade e apenas conteudista, conceber linhas de ação pedagógicas que sejam desafiadoras... Há muitas pessoas que ainda pensam que os professores são os principais elementos da educação, centralizadores da atenção, detentores do conhecimento... Os professores devem entender que o trabalho educacional somente se concretiza quando há receptividade, entusiasmo, encantamento, disposição e parceria entre ele e os estudantes. Caso isto não se concretize, pouca possibilidade há de que realmente concretizemos o educar. Em termos práticos, creio a partir de tudo o que tenho lido e estudado, o principal passo está na reformulação da formação dos educadores nas universidades. A isto, é claro, agregam-se outras medidas essenciais, como valorização da carreira, criação de planos de atualização, estímulo a um contato e intercambio maior com as famílias, mais recursos para as escolas (bibliotecas, laboratórios, quadras) que facilitariam a interação e a proposição de novos projetos...
3 comentários:
Parabéns JC Flores pela brilhante entrevista, isso é uma mostra que o blog, tem o objetivo cultural e não crítico, não se prende apenas a noticias da Prefeitura, é mais amplo que os Jornais local que não tem assunto a noticiar, isso sem falar da emissora de rádio que é lamentável no noticiário.
Sempre acompanho os artigos do Prof. João Luis, o que muito me tem servido na missão de educadora. A abordagem desse assunto irá complementar e enriquecer o trabalho monográfico de uma amiga, que fez questão de escolher este tema devido a grave complexidade do assunto. Parabéns para os organizadores do site pela brilhante entrevista. Elian Bantim
Meus parabéns por esta oportuníssima entrevista, que nos vem justo agora que estamos nos preparando para significativas mudanças no plano educacional.
Dr. João Luis certamente nos faz antever soluções para um futuro próximo!
Este blog é de primeira!
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