Ministério da Saúde: crack não é epidemia, é só surto!!!

Na noite da véspera do feriado de 7 de Setembro, Dilma Rousseff anunciou, em rede nacional:  “Vamos lançar dentro de alguns dias uma grande rede de cuidados em saúde mental, crack, álcool e outras drogras” (reveja aqui).

A promessa de Dilma tornou-se tema central da 226ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional de Saude, iniciada nesta quarta (5). No curso dos debates, verificou-se que o governo ainda tem dúvidas quanto ao tamanho da encrenca. Responsável pelo setor de doenças mentais do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori disse que o consumo de crack ainda não é uma epidemia no Brasil.

Como assim? Segundo Tykanori, à luz dos dados disponíveis no ministério, não é possível classificar o aumento no uso da droga como epidemico. Prevalece o entendimento de que o país está diante de um surto. O ministro Alexandre Padilha (Saúde) ecoou o auxiliar: "Não acho que haja uma epidemia de crack. O grande vilão é o álcool…ainda assim, nós, da Saúde, não podemos esperar que a questão se torne uma epidemia para agirmos…É uma nova realidade e um desafio ao campo da saúde pública."

Há cinco dias, em artigo veiculado no site do PT, Padilha e Tykanori compararam o combate ao crack ao enfrentamento contra o HIV. Recordaram que, no início dos anos 80, quando surgiram os primeiros casos de Aids no Brasil, o país desconhecia “a forma mais eficaz de tratar os pacientes.” A despeito disso, levou-se o dedo à ferida e avançou-se no enfrentamento da “epidemia mundial”. De acordo com a dupla, dá-se agora coisa semelhante com as drogas, em especial o álcool e o crack.

No artigo, o vocábulo “epidemia” foi associado apenas ao HIV. O álcool e o crack foram tachados por Padilha e Tykanori de “nova chaga social”. A ginástica vernacular, epidemia, surto, chaga social…, evidencia a natureza da encrenca. Fica evidente que, confrontado com a necessidade de encontrar soluções, o governo, por defifiência estatística, ainda não enxergou nem o problema!